A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, justificou hoje o aumento do desemprego na classe docente com o desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar do Ministério da Educação (ME).
Confrontada em conferência de imprensa sobre o arranque do ano lectivo com as acções de protesto promovidas hoje pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a governante salientou que «mais de metade dos candidatos a professor são de ciclos de ensino que não estão em crescimento».
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«O 1º e 2º ciclos do ensino básico não estão em crescimento. São precisos professores no pré-escolar, no terceiro ciclo e no ensino secundário, sobretudo devido ao aumento da oferta nos cursos de educação e formação e profissionalizantes», afirmou Maria de Lurdes Rodrigues.
Reconhecendo que uma situação de desemprego pode ser «complicada» e «dramática», a titular da pasta da Educação acrescentou que as necessidades do ME são transmitidas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) para que informe as instituições universitárias.
«Não se pode impedir ninguém de seguir a carreira de professor, mas os jovens devem conhecer as possibilidades de empregabilidade. Há um desajuste entre a formação superior e as necessidades do ME», disse Maria de Lurdes Rodrigues.
«Qualquer concurso para funcionário público tem sempre imensa procura», exemplificou.
Citando dados da OCDE, a ministra da Educação lembrou que Portugal é o país com menor número de alunos por cada professor no primeiro ciclo, 11, quando na Holanda e Irlanda este ratio é de 16 e 18, respectivamente. Já no secundário, as escolas portuguesas têm em média sete alunos por cada docente.
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«A ideia de que as dificuldades são provocadas pelo ME porque fecha escolas ou porque recusa postos é falsa. O objectivo da tutela é colocar nas escolas os recursos humanos essenciais ao desenvolvimento das actividades escolares», sublinhou.
Na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, negou que tenham sido contratados menos professores que no ano lectivo passado, lembrando que ainda não foram atribuídos os horários incompletos, o que deverá acontecer ainda esta semana.
A iniciativa da Fenprof, em várias cidades do país, prevê testemunhos de docentes desempregados e a distribuição de comunicados à população, pretendendo ainda sublinhar "a importância do combate às políticas anti-sociais" que, segundo a estrutura sindical, mantêm milhares de professores no desemprego.
De acordo com a Fenprof, nos últimos dois anos lectivos deixaram o sistema educativo 10.725 professores que não foram substituídos, estimando a federação que a rede do Ministério da Educação (ME) pode perder até 12 mil professores em 2007/08.
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