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700 pessoas e um burro contra o fecho de escolas

Reunião na DREN deu «esperança». Entidade vai a Monção

Foi com «uma réstia de esperança» que desmobilizaram os cerca de 700 manifestantes que, esta quinta-feira, protestaram em frente à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) contra o anunciado encerramento das escolas do primeiro ciclo de Merufe e de Riba de Mouro, em Monção. A directora, Margarida Moreira, estava indisponível.

«Dizem que ainda é possível rever a situação e manter as nossas escolas abertas», anunciou o presidente da Junta de Freguesia de Merufe, Armando Alves, à saída de uma reunião de quase uma hora com o director-adjunto da DREN, Manuel Oliveira. Independentemente do desfecho, o autarca garantiu que «as crianças não vão ser matriculadas em Tangil», a escola indicada.

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Junta ameaça com providência cautelar

Contudo, o comunicado da DREN entregue à porta aos jornalistas, não cria tanta esperança. A estrutura compromete-se apenas a ir «ao local durante a próxima semana e, com os país e a câmara municipal, analisar novamente todas as situações». A DREN diz que a decisão final vai depender dessa «deslocação de trabalho» e pode «configurar soluções diversas», mas não fala na possibilidade de o encerramento ser evitado. Num fax, enviado ontem ao autarca, a DREN afirmava que o «fecho é um facto consumado». Se assim for, Armando Alves afirmou que vai accionar uma providência cautelar.

Às 16h30 chegavam 12 camionetas com 700 pessoas «ordeiras» e um burro. O «dr Rodrigues», como era identificado, alertava que é licenciado na «UI» e que ministra da Educação lhe faz a vida dura. A possível alusão à polémica que enlaça a DREN, o primeiro-ministro e o caso Charrua foi ilustrada com um gracejo: «É óbvio que está relacionado, mas chamar burro ao burro é um insulto. Já que ninguém nos explica, esperemos que ele nos esclareça a carta educativa», referiu Gil Afonso, da Comissão de Pais.

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O pai não percebe porque é que querem tirar as crianças de escolas «com todas as condições» para uma escola onde terão de «apanhar chuva até chegar à cantina». Algumas terão mesmo de percorrer 10 quilómetros de casa até à nova escola.

«A DREN percebe a preocupação dos pais, mas o que se está a fazer é melhorar as condições das escolas. A concentração dos alunos permite o acesso a mais equipamentos», explicou a entidade.

Crianças lideram manifestação com cânticos

À chegada, ao som de uma fanfarra local que acompanhou a marcha, as crianças lideravam o protesto com uma enorme faixa onde era possível ler: «queremos crescer na nossa terra, lutamos pela nossa escola». Os cartazes que indicavam que existem «interesses por trás da decisão» eram acompanhados por uma musica inocente entoada pelas cerca de 50 crianças. «Temos pena em deixar a escola», cantavam. Os pais davam mais força ao protesto: «Melhor educação, fechar a escola não; crianças na rua, a luta continua».

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Ana Luísa Afonso, com 10 anos e no 4º ano escolar foi parca, mas objectiva, nas palavras. «Eu não quero que a minha escola feche, por que eu gosto de lá estar e os professores também», referiu.

«Os professores estão connosco, mas infelizmente estamos num país onde a manifestação pode ter os seus custos», afirmou ainda Gil Afonso.

«Abandonamos o recinto tal como chegamos de forma ordeira, ainda que tenha havido quem achasse que não o éramos», rematou o presidente de Junta de Merufe.

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