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Tráfico de cocaína na agenda europeia

Portugal quer discutir utilização da África Ocidental como plataforma

Portugal quer colocar na agenda europeia o problema da crescente utilização da África Ocidental como plataforma para o tráfico de cocaína proveniente da América do Sul e destinada à Europa, disse à Lusa o presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência.

João Goulão, que durante a presidência portuguesa da UE presidirá ao Grupo Horizontal Drogas do Conselho da União Europeia, na qualidade de Coordenador Nacional, apresentou hoje ao Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência as prioridades de Portugal neste sector.

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Além de prosseguir o trabalho das anteriores presidências no desenvolvimento da Estratégia da UE de Luta contra a Droga (2005-2012) e do Plano de Acção da UE em matéria de Luta contra a Droga (2005-2008), a presidência portuguesa da UE, que começa a 01 de Julho, visa introduzir o tema «A África Ocidental [nomeadamente Guiné Bissau, Cabo Verde e Senegal] enquanto plataforma de cocaína», explicou João Goulão à Lusa.

Na véspera do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, que se celebra terça-feira, o responsável manifestou a preocupação com «o peso crescente da África Ocidental como plataforma de trânsito de cocaína» que provém dos países produtores da América do Sul e entra na Europa, sobretudo através de Portugal e Espanha.

Acrescentou que Portugal irá trabalhar para mobilizar o apoio da UE no combate ao tráfego e às dificuldades que a passagem desta droga causa nas populações locais dos países da África Ocidental afectados, nomeadamente na Guiné-Bissau, Cabo Verde ou Senegal.

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João Goulão explicou que o aumento da passagem de cocaína leva ao aumento do consumo e da dependência, em países que devido ao seu fraco poder económico seriam pouco apetecíveis como destino final do tráfico.

Envolver a Europol e a Interpol no desenvolvimento de mecanismos de controlo do tráfico naqueles países da África Ocidental é outro objectivo.

Questionado pela Lusa sobre se há dados ou estimativas sobre o crescente peso da África Ocidental como plataforma do tráfico de cocaína, João Goulão disse apenas que em 2006 as autoridades apreenderam 30 toneladas de cocaína, a maior parte proveniente da América Latina, embora não soubesse especificar que percentagem passou por África antes de chegar à Europa.

Um relatório da Organização Internacional de Controlo de Estupefacientes (OICS) divulgado no final de Fevereiro apontava Cabo Verde, Benim, Gana, Guiné-Bissau, Nigéria e Togo como os principais países da África Ocidental que funcionam como placas giratórias de transporte de cocaína para a Europa.

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De acordo com a OICS, estrutura das Nações Unidas, Cabo Verde e Guiné-Bissau são utilizados como zona de trânsito e de armazenamento da cocaína proveniente da América do Sul com destino à Europa.

O relatório indicava que «grandes carregamentos» de cocaína da América do Sul chegam por via marítima à costa ocidental africana, sendo depois transportada por avião ou via postal para a Europa.

O organismo acrescentava que o tráfico de cocaína no continente africano assumiu uma proporção «particularmente preocupante».

João Goulão adiantou que o tema escolhido por Portugal para a presidência europeia será levantado na próxima reunião do Grupo Horizontal Drogas da UE - que reúne mensalmente representantes dos 27 Estados-membros - para «aferir sensibilidades».

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