O líder dos agricultores dos Açores revelou esta quarta-feira que o setor deverá ver suspenso, até final do ano, o pagamento especial por conta, na sequência de um compromisso de princípio assumido pelo Governo da República.
“Não faz qualquer tipo de sentido estar a pagar de forma antecipada este montante. Ficou o compromisso [na reunião de terça-feira, com a ministra da Agricultura], bem acolhido também pelo primeiro-ministro, que possivelmente irá haver suspensão do pagamento especial por conta de todos os produtores de leite a nível nacional e regional”, disse Jorge Rita.
Esta reivindicação da lavoura dos Açores irá permitir, de acordo com Jorge Rita, poupanças de cerca de três milhões de euros para o setor no arquipélago.
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O dirigente afirmou registar com “muito agrado” mais esta ajuda por parte da ministra da Agricultura, além daquelas que já existem, mas salvaguardou que ainda não é suficiente para colmatar a baixa do preço do leite e a descapitalização que o setor atravessa.
O presidente da FAA defendeu que os governos da República e dos Açores têm que desempenhar um “papel muito importante” de articulação entre a indústria e a distribuição, visando cessar o estrangulamento dos preços do leite no mercado, através da sua baixa.
Jorge Rita especificou que está em causa a “agressividade da distribuição” aliada ao facto de a indústria estar a colocar produtos no mercado abaixo dos preços de custo, em alguns casos.
O líder da FAA quer que o Governo dos Açores “se chegue à frente” com medidas para fazer face à crise que se vive no setor causada pela descida do preço do leite, voltando a reivindicar que o Orçamento de 2016 do executivo açoriano, em preparação, inclua mais 20 milhões de euros para a lavoura.
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Este montante, de acordo com Jorge Rita, destina-se a contemplar uma linha de crédito que assegure os encargos financeiros com juros dos produtores de leite, bem como resgastes e reformas antecipadas, continuando-se assim a reestruturação e dinamização do setor.
Jorge Rita quer que o Governo dos Açores combata o estrangulamento do setor e economia da região provocado pelo atual modelo de transporte marítimo, que considera que não está adaptado às necessidades de todas as ilhas, o que provoca também problemas no setor da carne.
“A liberalização dos transportes aéreos foi um bom exemplo e esperávamos também que a nível dos transportes marítimos isso viesse a acontecer. Esse é um problema que se mantém ao longo dos anos, com muitas promessas de todos que a situação se irá resolver, mas até hoje não foi resolvido conforme as nossas necessidades”, afirmou Jorge Rita.
O presidente da lavoura açoriana considerou ainda que é extremamente penalizador a deslocalização de carne de bovino de uma ilha para a outra, uma vez que existe o problema adicional dos transportes, defendendo também melhorias de infraestruturas a nível dos matadouros regionais.
Jorge Rita admitiu a possibilidade do setor se manifestar na rua, uma vez que “a lavoura está descontente nos Açores”, como “foi hoje demonstrado claramente” na reunião de dirigentes e na sequência de “cenários dramáticos de descapitalização” de muitos lavradores.
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