Estava entre os nomes para liderar o, na altura, maior banco português, mas não sabia de nada. A ex-diretora do departamento financeiro, de mercados e estudos (DFME) do Banco Espírito Santo, Isabel Almeida, disse esta terça-feira, na comissão de inquérito ao BES, que foi «surpreendida» por integrar a lista do administrador financeiro (CFO) Morais Pires para suceder a Ricardo Salgado.
«Fui surpreendida com a inclusão do meu nome na lista proposta para inclusão de CFO, que foi execuada sem qualquer tupo de consulta prévia, formal ou informal, tendo sido comunicada depois da decisão tomada, poucas horas antes»
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Logo na sua intervenção inicial, invocou, por diversas vezes, o nome do ex-CFO do banco, imputando-lhe responsabilidades nas decisões. Tudo o que era decidido no âmbito do DMFE tinha «aprovação prévia» de Morais Pires. Era ele que fazia a ponte com Ricardo Salgado. Já Isabel Almeida descreveu-se como uma mera «subordinada». Apesar do cargo de diretora de departamento, disse que sofreu na pele as consequências do descalabro. Tinha «anos de trabalho» investidos em ações e, tal como outros investidores, ficou sem nada: «Perdi tudo». Isabel Almeida assinalou, ainda, que em virtude de arguida, podia ter usado condição para ser ouvida à porta fechada. «Entendi contudo não o fazer», embora tenha sido «sistematicamente» abordada pelos média nesse sentido. Recusou, embora o seu «impulso» fosse falar.
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«[Hoje] é uma excelente oportunidade de defender, exercer o contraditório e repor verdade». «Tenho uma grande mágoa e sentimento de injustiça, por a mim e a outro membro do DFME terem apontados sistematicamente práticas alegadamente ilícitas. Não tenho nada a esconder»
Fez várias revelações: que tanto Salgado como Pires recusaram explicar o esquema das obrigações à nova administração, na altura, de Vítor Bento; e que ambos decidiram o investimento de 900 milhões de euros da PT na RioForte, dinheiro que a operadora de telecomunicações veio a perder.
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