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A ex-diretora do departamento financeiro, mercados e estudos (DFME) do Banco Espírito Santo quis falar à porta aberta na comissão de inquérito, apesar de ser arguida em processos de contraordenação do Banco de Portugal e no processo crime sobre o universo Espírito Santo. Explicou aos deputados que tudo aquilo que era feito no seu departamento tinha «sempre» aprovação prévia do administrador executivo Morais Pires, já ouvido no Parlamento. Isabel Almeida descreveu-se como uma simples «subordinada», na sua intervenção inicial.
foi «surpreendida» por integrar a lista de Morais Pires para suceder a Ricardo Salgado«Reportei sempre, diretamente e em exclusivo ao dr. Morais Pires». «As decisões sem exceção, não foram tomadas por mim, nem podiam ser. As ações que executámos» foram por ordem «superior», com a «convicção que era a alternativa» que protegia melhor investidores e depositantes»
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Admitiu «instruções diretas» de Salgado, mas das «poucas vezes» em que isso aconteceu, foi sempre «dado conhecimento prévio ao administrador de pelouro». Tinha, de resto, «praticamente todos os dias», reuniões com Morais Pires.
«Tenho a convicção que Ricardo Salgado tinha todo o conhecimento das operações relevantes do departamento financeiro. Era Morais Pires que lhe comunicava todos esses factos»
«Tomava a decisão de forma autónoma juntamente com presidente da comissão executiva». Com isto, o DFME «não tinha nem teve possibilidade de por si só praticar qualquer ato ou tomar qualquer decisão no âmbito das investigações em curso, pela simples razão que tal estava vedado pela comissão executiva».
«As minhas funções eram exclusivamente ao nível do BES. A primeira vez que vi as contas da ESI foi em setembro de 2013, aquando da preparação da nota informativa do papel comercial e eram contas de 2012. Essas contas apresentavam uma situação líquida compatível com o rating atribuído à empresa. Só muito mais tarde, no final de novembro, fui confrontada com a ocultação de dívida, com a omissão de passivo no valor de 1,3 mil milhões de euros»
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Já sobre a venda de papel comercial nos balcões do BES, foi parca em palavras. «Havia dívida do GES colocada em clientes particulares desde 2001, mas não posso desenvolver… Já o fiz em sede própria». O caso está em segredo de justiça, lembrou. De qualquer modo, quis deixar uma nota:
«Não havia necessidade de pressionar para a colocação, porque o papel comercial era um produto competitivo. Os clientes acorreram de forma natural à subscrição e foram colocados montantes significativos»
Fez várias revelações: tanto Salgado como Pires recusaram explicar o esquema das obrigações à nova administração, na altura, de Vítor Bento; e ambos decidiram o investimento de 900 milhões de euros da PT na RioForte, dinheiro que a operadora de telecomunicações veio a perder.
Antes de a ex-diretora do departamento financeiro do BES tomar a palavra, o presidente da comissão de inquérito, Fernando Negrão, deu conta da «clareza da sua posição no que diz respeito à audição», estando «disposta a responder a todas as perguntas», com uma «vontade expressa de falar o mais possível». As limitações são o segredo de justiça, no âmbito dos processos em que está envolvida. Por isso, Eurofin e colocação de obrigações, de toda a natureza, são assuntos em que se remeterá ao silêncio.
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