PUB
A responsável da KPMG, Inês Viegas, quis deixar «claro», na comissão de inquérito parlamentar ao Banco Espírito Santo e ao Grupo Espírito Santo, que quando a PwC passou o testemunho das contas à nova auditora, em 2002, não mostrou «preocupação» sobre as contas da ESI, cuja ocultação de passivo, desde 2008, acabou por precipitar a queda do GES, que teve impacto para o desaparecimento do BES.
presidente da PwC garantiu aos deputados que passou «toda a informação»«Esse assunto não nos foi referido - a preocupação por parte das contas da ESI. O próprio Dr. José Alves [presidente da PwC] referiu que esse assunto, de certa maneira, tinha sido mitigado, no âmbito da auditoria. Referiu que o assunto tinha sido ultrapassado»
Essa carta referida por José Alves «não expressa nenhuma reserva, nenhum tema, nenhum relatório» «A resposta sobre se havia alguma reserva foi que não. Até a própria PwC tinha em vista manter-se como auditora da parte não financeira. Em 2008, concorre, mas foi atribuída à Erns't & Young»
PUB
«Numa versão draft [rascunho], mas «a letra era tão pequenina, que nem dava para ler». «Esforcei-me. Tentei. Mas não consegui» «Fiquei com clara sensação», pela intervenção de José Alves. «que esses problemas que poderiam estar expressos nesse relatório não eram tão relevantes», para além do que nos foi transmitido nas reuniões com a PwC
A não existência de contas consolidadas e auditadas ao GES também foi outro motivo invocado para a PwC não querer continuar a prestar auditoria ao banco, na altura. E a concessão de créditos pelo BES levantou a «suspeita» de que poderiam estar em causa investimentos do próprio banco.
Hoje, a responsável da KPMG dá conta de que essa «preocupação» sobre as contas da ESI não foi sublinhada pela antiga auditora.
De qualquer modo, assinalou, uma auditora é «responsável pela sua opinião sobre as contas», não pelas contas em si, que são, sim, alegou, da responsabilidade do conselho de administração. «O que falhou não foram os auditores, claramente».
PUB
«Existia dívida, isso é claro», mas em meio ano agudizou-se
Já quanto à exposição do BES ao GES, a responsável da KPMG explicou que o banco «nem tinha praticamente exposição», a 31 de dezembro de 2013. Era coisa pouca:
«Havia, de facto, dívida e isso é claro, consta dos relatórios de contas, quer da ESFG, quer do BES. Havia dívida do BES perante algumas entidades do GES, mas era residual. Nem havia à ESI, só pela Resources, mas uma coisa mesmo pequena.
«A 31 de dezembro de 2013 - e a situação foi vista por várias partes, desde BdP, KPMG, BES e ESFG - na altura, ninguém negava a existência do tal risco reputacional e fiduciário, mas para 30 de junho, com especial relevo nos últimos meses do semestre há um aumento e transformação do risco que passa a ser risco de exposição direta»
«Até 30 de julho a situação mudou, e bastante. A própria postura do BES, a 30 de junho de 2014, não foi por acaso que constituiu as provisões para a ESI que considerava necessárias. Surgem outros fatores. Não são de ignorar. Já no princípio de julho, indicações sobre incumprimentos da ESI e da exposição da ESFG. O nosso entender, e do BdP, foi que estávamos perante um cenário completamente diferente»
PUB
PUB