[Notícia atualizada às 11h]
A Comissão Europeia reviu em baixa as suas previsões para a evolução da economia portuguesa, e espera agora que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal contraia 3,3% em 2012, muito pior do que os cálculos para a Zona Euro (-0,3%).
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Nas previsões intercalares divulgadas esta quinta-feira pela Comissão para os 27, só na Grécia (-4,4%) está prevista uma recessão mais grave do que em Portugal.
A oposição já reagiu: «Quem semeia austeridade, colhe recessão».
Em novembro, a Comissão previa uma quebra do PIB na ordem dos 3%, mesmo valor que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2012.
A Comissão justifica este aprofundamento da recessão com os esforços de «consolidação orçamental» e a «acelerada desalavancagem de famílias e empresas».
Segundo o relatório, é previsível que as exportações «desacelerem»: Bruxelas calcula que a procura externa pelos produtos portuguesas sofra uma diminuição no primeiro semestre, uma vez que 75% das exportações nacionais têm como destino a Europa, o que é coerente com os piores resultados calculados para a Zona Euro.
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O impacto da recessão não é uniforme ao longo do ano: a crise será pior neste trimestre, para o qual a Comissão prevê uma redução do PIB em cadeia (isto é, comparando com o trimestre anterior) de 1,4%. No segundo trimestre, a redução em cadeia será de 0,6%; no terceiro, 0,3%. No quarto trimestre, a previsão da Comissão Europeia é para uma variação do PIB em cadeia de 0%.
Era previsível que, neste relatório intercalar, fossem ainda conhecidas previsões para 2013 - a comissão previa em novembro um ligeiro crescimento de 1,1% -, mas o relatório não revela dados para o próximo ano, apesar de ontem ter sido aventado que o mais provável é que não haja qualquer retoma económica, e que a economia fique a «zeros».
Quanto à inflação, as previsões de Bruxelas foram revistas em alta: variação do índice harmonizado de preços no consumidor deverá atingir os 3,3% em 2012.
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Este é valor mais elevado para toda a Zona Euro, onde é projetado que a inflação média para os 17 este ano se cifre nos 2,1 por cento.
A taxa de inflação prevista pelo Governo para 2012 é também 3,3 por cento.
No ano passado, Bruxelas calcula que a inflação tenha chegado aos 3,6%, sobretudo à conta do aumento dos impostos indiretos, como o IVA, dos preços administrados e dos combustíveis.
Desemprego vai continuar a aumentar
As previsões intercalares, conhecidas hoje, indicam ainda que o emprego em Portugal vai continuar a «reduzir-se», durante este ano, «acompanhando o declínio da atividade económica».
Os dados não revelam o aumento da taxa de desemprego, mas ao prever uma recessão mais grave do que o inicialmente esperado, Bruxelas calcula que o número de desempregados continue a aumentar.
A Comissão escreve ainda que os maiores aumentos na taxa de desemprego estão a ocorrer em países que estão sob um processo de «ajustamento macroeconómico»: «Grécia, Portugal e Espanha representam 95 por cento do aumento no desemprego [na União] desde o final de 2010».
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