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O ex-administrador financeiro do Banco Espírito Santo, João Moreira Rato, integrou a equipa de Vítor Bento pouco antes de o BES colapsar. E, tal como o ex-administrador José Honório, já ouvido na comissão de inquérito sobre o caso, encontrou um banco bem diferente daquele que lhe apresentaram, em teoria.
«Foi-nos transmitido que o banco era viável e que a exposição do BES ao GES seria acomodada pela almofada de capital existente». No entanto, quando chegaram ao BES, encontraram uma situação «mais complexa», com a «saída diária de depósitos» e a existência de «menos ativos disponíveis»
«Nessas três semanas até à medida de resolução, além de tudo o que ia aparecendo, como a questão das obrigações, tínhamos muitos problemas para resolver diariamente. Alguns problemas decorriam de questões de governance passada, mas não perdíamos muito tempo a analisá-las, mas sim a resolver os problemas»
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Paulo Rios de Oliveira, do PSD, colocou várias questões sobre esse «esquema» de recompra, querendo saber «quem foi o criador» dele. Moreira Rato respondeu apenas que esse era «um assunto melindroso», «em investigação, em auditoria forense».
Quanto ao que levou aos prejuízos de 3,57 mil milhões de euros de janeiro a junho de 2014 (o colapso foi em julho), o ex-administrador disse que «uma parte dos resultados podem ser explicados pelos prejuízos em relação às obrigações longas que estão sob investigação». «Esperava-se ainda provisões provenientes da exposição ao GES. Há uma provisão que explica boa parte dos resultados e a questão das cartas de conforto também».
O BES que imaginava
O ex-administrador, que antes foi presidente da Agência para a Dívida Pública portuguesa (IGCP), foi convidado para o cargo a 4 de julho de 2014, pelo próprio Vítor Bento, num almoço.
«Era um desafio profissional que parecia uma boa oportunidade profissional», afirmou, garantindo que esperava ficar no cargo muito tempo e não apenas dois meses. A perceção com que ficou é que ia abraçar um «projeto duradouro».
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«Se isso não acontecesse, podia ter um efeito dominó no restante sistema financeiro»
Algo hesitante nas suas respostas, o ex-administrador do BES e do Novo Banco assegurou aos deputados que havia «vários tipos de interessados» na recapitalização privada, uma solução que podia demorar dois meses, mas isso não seria um problema. Outros bancos «sobreviveram» «algum tempo» à retirada do estatuto de contraparte pelo BCE.
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