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Muitos desempregados vão passar directamente à reforma

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Desemprego vai continuar elevado nos próximos tempos

Os portugueses vão continuar a viver com uma taxa de desemprego historicamente elevada e muitos desempregados passarão directamente para a reforma sem regressarem ao mercado de trabalho.

A conclusão é de um grupo de enconomistas ouvidos pela agência «Lusa».

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«Nunca mais vamos ter taxas de quatro por cento, como as que tivemos há uns anos atrás», afirmou João Loureiro, economista e professor da Faculdade de Economia do Porto.

«Se a taxa se aguentar nos 7 a 8%, não é mau», acrescentou o mesmo analista.

A justificar a manutenção do desemprego elevado está o fraco crescimento económico e o facto de Portugal estar a deixar de ser um país de mão-de-obra intensiva para se tornar numa economia preocupada com a produção de bens de maior valor acrescentado, em que a formação é essencial, referiu o mesmo economista.

O grande problema são as pessoas com mais de 50 anos e sem formação, segundo João Loureiro, as quais dificilmente conseguirão arranjar emprego, dada a baixa qualificação.

«Muitos desempregados passarão directamente a reformados», sem voltarem a ser integrados no mercado de trabalho, antecipou o professor da Universidade do Porto, com as consequentes implicações ao nível do aumento dos custos sociais.

Os gastos com desemprego continuarão altos e, quando estes descerem na classe dos mais velhos, os gastos com pensões podem aumentar, sugeriu o professor.

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«Estamos a pagar agora a desatenção do ensino nas décadas atrás», referiu João Ferreira do Amaral, economista e professor do ISEG.

No terceiro trimestre, a taxa de desemprego em Portugal estava nos 7,9%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), acima da média da União Europeia, e as previsões para os próximos quatro anos apontam para taxas à volta dos 7%.

Na década de 90, Portugal vivia com taxas de desemprego à volta dos 4%.

Menos desemprego só com mais crescimento económico

A redução do desemprego só acontecerá com a aceleração mais forte do crescimento económico, algo que não deverá acontecer no curto prazo, de acordo com Ferreira do Amaral.

O elevado défice das contas externas exige que Portugal cresça puxado pelas exportações, tornando-se imperativo conseguir competir nos mercados externos e, por isso, deixar de concorrer em mão-de-obra barata para passar a competir em valor acrescentado.

Essa aposta no valor acrescentado só poderá ser ganha ser for feita uma aposta na formação, avisa Ferreira do Amaral.

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Os dados do INE mostram que actualmente a taxa de desemprego de longa duração (mais de um ano) em Portugal é de 3,8%, ou seja, quase metade do desemprego é estrutural.

Dos 444,4 mil desempregados que havia no final do terceiro trimestre em Portugal, 312,7 mil eram trabalhadores que não tinham mais do que o ensino básico (até ao 9º ano de escolaridade).

Olhando para as classes de idades dos desempregados verifica-se que 31% têm entre 25 e 34 anos e 28% mais de 45 anos.

Continuará a haver um «importante» desemprego estrutural, sobretudo naqueles que têm menores qualificações, disse o professor do ISEG, concordando com João Loureiro ao dizer que «dificilmente» os mais idosos e com menos qualificações conseguirão regressar ao mercado de trabalho.

Sem uma formação base não se justifica investir mais na sua formação, defendeu João Loureiro, pois o resultado prático é nulo.

Para limitar o problema do desemprego, cabe ao Estado apostar na qualificação das pessoas, apoiando a formação com fundos comunitários e nacionais, aconselhou o economista do ISEG.

O Estado deve também obrigar as empresas a fazerem formação, mas não deve tentar fomentar o emprego através do investimento público, sobretudo na área da construção como aconteceu no passado em Portugal.

Para João Loureiro, o Estado «não deve ser muito interventivo», cabendo-lhe apenas «criar as condições» para que haja investimento privado e, assim, criação de emprego, bem como assegurar a formação ao longo da vida dos trabalhadores.

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