Uma coisa é a gestão, outra os acionistas e o presidente executivo do Banco BPI, Fernando Ulrich, não desiste da corrida ao Novo Banco. A entidade está a trabalhar junto do Fundo de Resolução no processo de venda da instituição que resultou da resolução do BES.
“emos o plano da gestão do banco, depois temos o plano dos acionistas e o trabalho que estamos a fazer com o Fundo de Resolução é um trabalho da gestão do Banco BPI e é um trabalho que, se der bons frutos, será apresentado aos acionistas e depois nessa altura se vê”.
PUB
À margem da entrega do Prémio BPI Seniores, em Lisboa, Ulrich foi questionado sobre a possível oposição do seu maior acionista, o catalão CaixaBank – que tem em curso uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital do BPI -, à compra do Novo Banco.
O gestor não se quis alongar em comentário. “O BPI assinou um compromisso de confidencialidade para ter acesso a informação sobre o Novo Banco, o que denota algum interesse, mas como assinamos esse compromisso, não podemos fazer comentários sobre o processo do Novo Banco”.
Sobre a atualidade do BPI, que viveu uma disputa acionista que parece ter sido ultrapassada com a desblindagem dos estatutos aprovada na última reunião magna de acionistas, Ulrich mostrou otimismo.
PUB
“A situação do banco está muito boa e sempre esteve ao longo deste tempo. Este processo complexo e intenso que vivemos desde dezembro de 2014, com a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a exposição do BPI a Angola, que depois determinou todas as várias complexidades que conhecem, nunca perturbou a atividade do banco”, lembrou.
Conseguimos todos - os acionistas, a gestão e os colaboradores do banco - que funcionássemos em dois planos. Havia o plano das questões regulatórias, que tínhamos que resolver, e havia o plano das questões acionistas, mas nem um nem outro perturbaram o funcionamento do banco. Agora, continuamos o nosso trabalho, a melhorar o banco”.
O BPI está muito perto de passar para mãos catalãs.
"BCP tem a sua vida e o seu caminho"O presidente do BPI considera ainda positivo para o setor bancário o interesse que investidores estrangeiros têm demonstrado nalguns bancos, como seu e o BCP, afastando o cenário de fusão entre as duas entidades, que já foi várias vezes equacionado.
PUB
CGD sai fortalecida com "gestão de primeiríssima qualidade"Não está neste momento em cima da mesa. Nós temos a nossa agenda, os nossos acionistas têm a sua agenda, e o BCP tem a sua vida e o seu caminho próprio".
Sobre a aprovação do plano de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, que integra a recapitalização, aliada à entrada da nova equipa de gestão, Ulrich considera que reforça o banco público.
"Todo este processo que a CGD viveu nos últimos meses significa um reforço enorme da CGD. Houve um grande reforço da Caixa. A CGD fragilizada, não. Acho que a CGD saiu altamente fortalecida de todo este processo. Tem uma equipa de gestão de primeiríssima qualidade. Sem querer fazer qualquer comentário sobre equipas anteriores, mas esta é de uma grande qualidade. E eu sei que sou suspeito porque são meus amigos, mas é o que eu penso".
Ulrich defende ainda que o banco estatal "vai ter um reforço de capitais muito significativo" e que "vai ter contas mais claras e transparentes".
PUB
Por outro lado, e sobre a crise por que está a passar o principal banco alemão, o Deutsche Bank, Ulrich minimizou o impacto que a situação que tal pode ter sobre a banca portuguesa, argumentando que este caso não é comparável ao do Lehman Brothers em 2008.
A perceção que eu tenho é que o Deutsche Bank é bastante melhor do que o Lehman Brothers e, portanto, não é uma situação comparável. Mas, além disso, desde o Lehman Brothers até agora, todos aprendemos muito. Os acionistas de bancos aprenderam, os gestores de bancos aprenderam, os auditores aprenderam e os supervisores aprenderam”.
“Em qualquer caso, nunca será comparável ao tempo do Lehman, porque então houve também um efeito de surpresa. Houve a implosão de uma instituição e teve que ser tudo tratado em ambiente de crise e de emergência. Hoje em dia não há nenhuma necessidade disso. Os instrumentos que os supervisores têm são muito mais potentes do que os que existiam naquela altura”, defendeu.
Mais: fez questão de recordar que “há uns meses o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que o Deutsche Bank era o banco que tinha potencialmente mais risco sistémico a nível internacional. Se o FMI disse isso, claro que é uma preocupação. Mas, diretamente para o BPI, não é uma preocupação, temos pouca exposição.
PUB