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Fitch: Irlanda é diferente dos outros resgatados. Porquê?

Agência avisa que outros países sob resgate não deverão seguir o mesmo caminho

A Fitch melhorou a sua perspetiva para a nota da dívida soberana irlandesa, mantendo a de Portugal, Grécia e Espanha como negativa. E explica vários aspetos em que a situação irlandesa difere da nossa e das demais, avisando já que a revisão em alta do outlook para o rating irlandês, de negativo para estável, reflete considerações específicas ao país, e não sinaliza que o mesmo vá acontecer na restante periferia da Zona Euro. A notação da dívida irlandesa está em «BBB+».

Apesar de os três países que estão abrigo de um programa de resgate e também a Espanha (que recebeu ajuda europeia para a banca), enfrentarem desafios comuns, «a Irlanda está melhor colocada para recuperar, em parte porque foi o primeiro país da Zona Euro a entrar em recessão, em 2008. A sua crise foi longa e profunda, mas a Irlanda está agora mais adiantada no seu processo de ajustamento que os outros países resgatados», refere.

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Um dos sinais é a «melhoria na competitividade, a qual, juntamente com uma economia aberta e um mercado de trabalho flexível, tem suportado as exportações, impulsionado o crescimento (a Fitch prevê um crescimento do PIB de 1,2% no ano que vem) e melhorado o excedente da conta corrente.

«A Irlanda está agora a cumprir os seus objetivos orçamentais sem registar sucessivas quedas do PIB, e parece estar bem encaminhada para recuperar total acesso aos mercados de dívida, apesar de permanecerem riscos para a recuperação económica, como a exposição à procura externa».

Na opinião da agência, é aqui que a situação da Irlanda «contrasta com a de Portugal, onde as medidas da competitividade externa estão a melhorar, mas um setor exportador relativamente pequeno torna o ajustamento externo mais difícil. A procura interna está a cair e o desemprego a aumentar, como parte de um processo de ajustamento interno, que pesa nas perspetivas económicas». A Fitch prevê uma contração no PIB de 3,2% este ano e de 1,5% no ano que vem.

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A vizinha Espanha também enfrenta um «longo ajustamento». A agência prevê uma contração de 1,5% no PIB em 2013, devido ao consumo privado e ao investimento empresarial. A combinação da fragilidade económica e um passado pobre no que toca à redução do défice desde o início da crise, em parte devido aos desenvolvimentos a nível regional, contribuem para o outlook negativo do rating espanhol», que se encontra em «BBB».

A Grécia, por seu lado, «implementou a maior consolidação orçamental, mas os sucessivos programas têm derrapado devido a uma fraca implementação e a quedas inéditas no PIB».

«A instabilidade política e os receios de uma saída do euro têm agravado a recessão. Pensamos que só uma combinação de mais cortes nas taxas de juro dos empréstimos europeus, a abdicação por parte do BCE de lucros na dívida pública grega e a migração dos custos de apoio à banca para o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) pode assegurar uma sustentabilidade duradoura da dívida pública» . O rating de «CCC» da Grécia «denota um risco de crédito substancial e a possibilidade de incumprimento».

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Os riscos políticos e de implementação afetam todos os países ao abrigo de programas, mas «o forte apoio político e a ampla aceitação social da consolidação orçamental de longo prazo têm ajudado ao ajustamento irlandês», especifica a Fitch.

A agência sublinha que o Governo português «provou o seu compromisso com a consolidação orçamental» mas lembra que «encontrou vários obstáculos à sua política», com o chumbo do tribunal constitucional ao corte de subsídios na função pública e aos protestos públicos contra o aumento da Taxa Social Única (TSU).

«O aumento dos riscos políticos, macroeconómicos e de implementação (dos programas) obrigam à manutenção do outlook negativo no rating português, que é de «BB+». A fraca perspetiva económica e a dimensão do seu ajustamento orçamental significam que esperamos mais apoio oficial, em vez de um regresso total aos mercados em 2013».

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