O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, considera que é o Governo a solução para a «questão» colocada com a utilização da golden share que «travou» a venda da Vivo à Telefónica na assembleia-geral de accionistas da PT que se realizou dia 30 de Junho.
«Quem tomou a iniciativa foi o senhor primeiro-ministro e o Governo e, portanto, julgo que terão de ser eles a assumir o processo. Mas vejo um desfecho complicado e que vai resultar do que disser Bruxelas e daquilo que o Governo e o primeiro-ministro fizerem», afirmou Ricardo Salgado em entrevista ao jornal «Público».
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O presidente do BES realçou que não contactou com José Sócrates «porque não havia razões para o fazer, pois não estava previsto o uso da golden share». Normalmente a golden share é usada para a «defesa da própria empresa».
«Os privados decidiram com base no princípio de que apoiando a venda à Telefónica da Vivo, estavam efectivamente a defender a PT, no sentido de evitar uma OPA», explica o banqueiro, uma vez que votou a favor da venda da Vivo.
«Os accionistas, que votaram a favor da proposta da Telefónica, o que fizeram foi evitar um mal pior».
E negociar a compra de outro activo no Brasil?
Para Ricardo Salgado, é «muito difícil», já que não existe nenhuma proposta de outro grupo brasileiro. «E o Conselho de Administração da PT, nesta altura, dificilmente pode tomar iniciativas nesse campo. Mas o melhor é perguntar à PT».
«Marcelo andou distraído em Wimbledon»
Em resposta às críticas de Marcelo Rebelo de Sousa, que disse perceber o veto do Governo e discordar da disponibilidade de venda por parte dos accionistas - «a PT sem a Vivo é uma PTzinha -, Ricardo Salgado não hesitou: «Foi com grande surpresa que ouvi as declarações, pois o professor Marcelo Rebelo de Sousa normalmente costuma documentar-se bem sobre os assuntos».
E ironizou: talvez se tenha «distraído» pelo facto de «ter estado algum tempo em Londres a assistir ao torneio de Wimbledon».
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