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Embaixador: «É muito perigoso dizer que Portugal está salvo»

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Representante do Governo irlandês em Lisboa diz que intervenção na Irlanda «é muito importante para proteger toda a Zona Euro»

É «muito perigoso» dizer que é apenas a Irlanda que está com dificuldades. «É muito pouco sábio dizer que é só a Irlanda com problemas e que Portugal está salvo, ou que é Portugal e não a Espanha, ou que antes disso era a Grécia e não Portugal», na opinião do embaixador da Irlanda em Portugal.

«É muito importante que não apontemos o dedo, dizendo que a Irlanda não é tão má como a Grécia, que Portugal não está tão mal como a Irlanda, ou que Espanha não está tão mal como Portugal, ou que a Itália não está tão mal como a Espanha. Porque na situação que estamos a viver agora, os mercados internacionais podem não distinguir. É uma situação muito, muito volátil, desde a falência do Lehman Brothers», argumentou Declan O¿Donovan, em entrevista à agência Lusa.

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O representante do executivo irlandês em Lisboa defende ainda que é especialmente perigoso quando estas distinções vêm de responsáveis, como ministros dos países, mas defende a separação feita pelo presidente do Eurogrupo entre Portugal e a Irlanda.

«Se alguém como o senhor Juncker diz algo sobre a totalidade dos 27, não está a dizer mal ou bem, está dizer que é uma situação diferente. O que é compreensível e é correcto dizer. A situação portuguesa é diferente da situação irlandesa. A situação irlandesa é um problema dos bancos, a situação portuguesa é um problema de défice estrutural, que remonta à década de 90».

Certo é que o apoio financeiro à Irlanda «é muito importante para proteger toda a Zona Euro» e evitar que os mercados internacionais voltem a atenção para grandes economias. Isso «seria um problema muito sério».

Esta «não é uma questão apenas da Irlanda, é uma questão dos mercados internacionais olharem para além da Irlanda. Nos últimos meses, Portugal tem sido visto como um próximo candidato e discute-se ainda a Espanha e a Itália».

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O diplomata, que falou antes de o Governo irlandês avançar o pedido de ajuda, sublinhou que o seu país não precisa de recorrer aos mercados antes de 2011 e que dispõe de uma «reserva substancial do fundo de pensões de 20 mil milhões de euros» que pode utilizar numa situação extrema.

E que o problema da Irlanda não está na economia real, mas sim na banca, que obrigou o Governo a gastar cerca de 50 mil milhões de euros desde 2008 e que poderão elevar o défice orçamental deste ano para os 32%.

«Cada vez mais nos encontrávamos numa situação em que os bancos confiavam nas imobiliárias para pagar os seus empréstimos - que eram gigantescos e, em alguns casos, atingiam os milhões de euros - e nas pessoas para comprar as casas a preços bastante altos, para depois lhes fornecerem os empréstimos e as imobiliárias terem dinheiro para pagar os seus empréstimos. Tornou-se um ciclo».

E, com a «retirada dos depósitos dos bancos pelos investidores internacionais e eles têm-no feito nos meses recentes em larga escala», os bancos ficaram com «falta de liquidez».

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Mas «uma coisa é cooperar com a comissão relativamente ao orçamento, algo que temos feito há vários anos, e outra coisa é ter a Comissão Europeia, o BCE e o FMI a chegar com responsáveis. Tudo parece muito dramático».

Aumentar IRC na Irlanda? É dar um «tiro no pé»

Com a chegada da missão da UE e do FMI à Irlanda, a questão do imposto aplicado aos lucros das empresas no país voltou a estar em cima da mesa.

Aumentar o imposto semelhante ao IRC português poderia ser como dar um «tiro no pé» de toda a União Europeia, segundo O¿Donovan, já que não existem garantias de que esse investimento permaneça em solo comunitário.

«Nós precisamos mesmo deste investimento, estamos na periferia» e é mais difícil para a Irlanda atrair investimento estrangeiro, algo que numa economia pequena, sem grandes recursos naturais, se afigura crucial.

A Comissão Europeia veio já dizer, segundo a Reuters, que «o aumento de impostos na Irlanda provavelmente fará parte do esforço de consolidação orçamental» e cabe ao país «determinar que impostos serão criados».

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