A Fitch cortou esta segunda-feira a notação de cinco bancos portugueses: BCP, BES, BPI, CGD e Banif.
A justificar esta decisão está o que a casa de notação financeira entende ser uma «deteriorização da performance doméstica e dos activos» das instituições, agravada pelo facto de estarem mais sujeitas aos «riscos de financiamento e liquidez».
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Para a Fitch, a banca portuguesa está a demasiado dependente do financiamento a curto e médio prazo, principalmente por parte do Banco Central Europeu (BCE), «num contexto de difíceis condições de acesso aos mercados de capitais».
A casa de notação financeira salienta que os bancos nacionais continuam a ter um nível de dependência do BCE «bem superior ao registado nos níveis pré-crise, ilustrando os continuados constrangimentos de financiamento e liquidez».
«Em conjunto com as consideráveis necessidades de financiamento face à dívida que chega à maturidade em 2011 e 2012, aumentam a pressão sobre as posições de liquidez e financiamento dos bancos», assinala a Fitch, citada pela Reuters.
O rating do BCP e do BES desceram dois níveis, de «A» para «BBB+». No caso do BPI, o rating desceu apenas um nível de «A» para «A-». O do Banif passou de «BBB» para «BBB-».
Os novos ratings têm Outlook negativo, o que quer dizer que a Fitch pode voltar a descer as notações nos próximos 12 a 18 meses.
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Esta perspectiva negativa está relacionada, segundo a Fitch, com os receios dos investidores para com as contas públicas de Portugal, ao mesmo tempo que o risco de recessão, em 2011, e as perspectivas de crescimento anémico no médio prazo vão pressionar a capacidade dos bancos em gerar lucros.
A Caixa-Geral de Depósitos não saiu imune deste downgrade: a Fitch alterou o Individual Rating do banco estatal de B/C para C, reafirmando as restantes notações, incluindo os ratings de longo e curto prazo da CGD, de respectivamente A+ e F1, mantendo o Outlook negativo, refere a Caixa em comunicado.
Segundo a agência, a revisão do Individual Rating da CGD «reflecte os riscos acrescidos associados ao funding e liquidez, bem como a eventual deterioração da qualidade dos activos e rendibilidade num contexto de recessão que a agência prevê para Portugal. No entanto, a Fitch Ratings salienta a base de depósitos sólida detida pelos bancos, a contenção de custos e o rácio de capital adequado».
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O corte do rating surge no dia em que é noticiado que o BCE reduziu o seu financiamento à banca nacional em Outubro, pelo segundo mês consecutivo: menos 228 milhões de euros face a Setembro.
No final de Outubro, os bancos portugueses tinham 40,004 mil milhões de euros emprestados pelo BCE, divulgou hoje o Banco de Portugal.
A última vez que a Fitch cortou o rating aos bancos nacionais foi a 21 de Julho deste ano.
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[Notícia actualizada]
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