Já fez LIKE no TVI Notícias?

Imobiliário: nem o luxo escapa à crise

Relacionados

Mercado residencial de luxo sofreu quebra de 2% a 3% no ano passado, em relação a 2008. Mas Portugal está bem posicionado a nível europeu

Já lá vai o tempo em que o «taxista inglês comprava cinco apartamentos de uma vez». Ole Jespersen, presidente da International Realty Group (IRG) traçou esta quarta-feira o perfil dos consumidores do imobiliário. Nem o mercado do turismo residencial de luxo tem escapado à crise. A quebra global foi de 2% a 3%, segundo o estudo apresentado hoje pela IRG e pela empresa de consultadoria e avaliação imobiliária Prime Yield e que já vai na quarta edição.

Mesmo assim, o mercado de luxo tem-se mostrado «muito mais resistente em termos de oscilações» do que o restante sector, onde as quedas estiveram na ordem dos 6% a 7%, afirmou o presidente da Prime Yield, Nelson Rêgo.

PUB

Penalizado pela crise, este mercado está a ser afectado pelas «restrições ao crédito e ao financiamento imobiliário. O crédito a não residentes tem tido grande dificuldade em ser implementado em Portugal». As expectativas para este ano não foram abaladas. «Creio que cada vez se verificam mais pedidos e, com alguma facilidade e alívio da rigidez do crédito o mercado será mais activo».

Luxo é mais caro no Estoril, Cascais e Algarve

Os lotes de terreno mais caros situam-se na região Estoril/Cascais e no Algarve, onde uma moradia com quatro ou cinco quartos «ultrapassa facilmente a fasquia dos 3 milhões de euros, ou seja, 5.200 euros por metro quadrado», como é o caso do Triângulo Dourado (Quinta do Lago, Vale do Lobo e Almancil, em Loulé), admitiu Nelson Rêgo. No entanto, o valor médio das moradias de luxo é de 2.850 euros por metro quadrado.

O preço por metro quadrado desceu ligeiramente. Sobretudo no Algarve, mas em relação aos condomínios turísticos que têm vindo a baixar entre 3% a 5%, em relação ao ano de 2008.

PUB

Os preços praticados no segmento dos resorts turísticos são 10% superiores, em média, aos praticados nos condomínios turísticos, com variação média entre 1.765,98 euros/m2 e 1.580,41 euros/m2, respectivamente. E verificou-se um abrandamento nas vendas e nos valores das transacções de apartamentos em resorts turísticos (entre 5% a 7%), no Sotavento Algarvio e na Costa de Prata.

Litoral detém o monopólio do imobiliário de luxo

O litoral do país detém o monopólio destes empreendimentos de luxo. Os consumidores parecem não gostar desta centralização. «Mas há projectos consideráveis» na região do Douro, no Alentejo e na Madeira que também deverão entrar na próxima análise.

Portugal tem alguns trunfos na manga para melhorar a competitividade neste sector e atrair novos clientes. Não há tantas variações de preços, como as que se verificaram, por exemplo, em Espanha, onde a crise tem feito estragos consideráveis no sector. Pelo menos é o que garante o presidente da IRG: «O país tem muita sorte. Tem 60 grandes projectos, um enquadramento jurídico favorável para empurrar o mercado, bom tempo, uma população acolhedora». Resumindo, «há qualidade em Portugal». Um canto da Europa com «oportunidades únicas».

PUB

«Luxo como marca está a desaparecer»

O país está receptivo a investidores de todo o mundo. «O padrão é completamente fragmentado. Temos clientes ingleses, suíços, holandeses, escandinavos, alemães, americanos, angolanos, brasileiros...». E, claro, portugueses. Algarve e Óbidos são os locais de eleição, disse Ole Jespersen à Agência Financeira. Mas os «investidores internacionais são em maior número».

O taxista que comprava vários apartamentos de uma vez «deixou [mesmo] de existir». A crise veio apertar o acesso ao crédito. Os próprios clientes estão «a mudar a filosofia de compra. O luxo como marca está a desaparecer. Hoje em dia [essa ideia] tem um impacto negativo». As pessoas passaram a procurar experiências familiares. «Não o big, mas sim qualidade de topo». Deixaram de comprar só uma propriedade de luxo, compram «também um estilo de vida». Com um investimento sustentável, espera-se.

PUB

Relacionados

Últimas