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Segredos da Apple foram revelados

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É uma das empresas mais admiradas em todo o mundo. E também das mais secretas. Agora, alguns dos seus segredos foram revelados no livro «Inside Apple»

No dia em que, doente e debilitado, renunciou ao cargo na Apple, a 24 de agosto de 2011, Steve Jobs reuniu-se com o conselho de diretores para preparar o lançamento do iPhone 4S. Na reunião, Scott Forstall, alto executivo, apresentava o programa Siri, um assistente pessoal que responde a comandos de voz, quando foi interrompido por Jobs: «Deixe-me ver o telemóvel».

Forstall, que trabalhou com Jobs toda a sua carreira, hesitou. Siri era um projeto complexo que entendia a voz do dono e, aos poucos, adaptava-se às suas idiossincrasias e detalhes pessoais: «Ele está bem sintonizado com a minha voz». «Dê-me o telemóvel», respondeu Jobs, conhecido por nunca aceitar um «não» como resposta.

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Então, Steve Jobs perguntou ao Siri: «Você é homem ou mulher?». Uma pergunta existencialista com uma resposta prática: «Eu não tenho um género definido, senhor». A gargalhada foi geral e Forstall respirou de alívio.

Esta é apenas uma das dezenas de histórias que Adam Lashinsky, editor da revista Fortune, conta no seu livro de cerca de 240 páginas, «Inside Apple».

A obra levanta o véu sobre o método de trabalho de uma das empresas mais secretas do mundo. Começa com o regresso de Jobs à empresa, em 1997, e termina nos dias de hoje, retratando métodos de trabalhar muitas vezes antagónicos com os dogmas de gestão: quando o lema é transparência, a Apple reforça o sigilo, mesmo entre os funcionários e chefes.

«Espera-se que os funcionários sigam ordens, não que ofereçam opiniões. Pouca gente, incluindo os próprios trabalhadores, sabe o que acontece na Apple antes do lançamento oficial de um produto», escreve Lashinsky, afirmando que naquela empresa a política é «não pergunte». E até mesmo os acessos no edifício são limitados ao necessário para desempenhar determinada função.

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Prova disso, foram os meses de preparação do iPhone 4S. «O projeto do modelo 4S estava a colocar pressão sobre toda a empresa. A nova versão do sistema operacional dos computadores Mac, o Mac OS, estava atrasada porque os engenheiros que escreviam o código foram deslocados para trabalhar no iPhone», lê-se no livro.

«O ressentimento alastrou-se entre os colaboradores que não foram escolhidos para o projeto, pois, de repente, os cartões de identificação eletrónica pararam de funcionar nas áreas que tinham sido isoladas e reservadas para o desenvolvimento do aparelho», adianta Lashinsky, que descreve esta situação como «uma elite dentro da elite» que não se preocupa com o impacto que deixa nos colegas.

Além disso, na Apple, os chefes não delegam tarefas - Steve Jobs geria todos os aspetos de um produto (publicidade, características, etc) - e «desprezam» Wall Street. Também não competem pelos lugares cimeiros na lista das melhores empresas para trabalhar.

Sem planos de carreira definidos, a «Apple paga salários competitivos com os do mercado, mas longe de serem os melhores», escreve o jornalista norte-americano.

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«Um diretor sénior pode receber um salário anual de 200  mil dólares mais bónus, que podem, nos anos bons, aumentar a remuneração total em 50%. De acordo com executivos da empresa, falar de dinheiro na Apple é desaconselhável, mesmo que a carga de trabalho, muitas vezes, inclua fins-de-semana e feriados. Quando era o vice-presidente de operações da Apple, Tim Cook era famoso por agendar reuniões com sua equipe nos domingos à noite».

Uma empresa de «paradoxos» que prefere competência a ter de ensinar: «Quando és recrutado para a Apple recebes um Mac. Mas ninguém te ensina como funciona. Se não sabes, provavelmente, estás no trabalho errado».

O livro não é autorizado, mas está fundamentado por anos de contacto com a Apple, quando Lashinsky era jornalista da Fortune. Na Amazon está à venda por 17,09 dólares. No iTunes custa 12,99 dólares e onde, curiosamente, as críticas dos leitores são más: «Quero o meu dinheiro de volta», «o livro não traz nada de novo».

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