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Ferreira Leite: «Não mandamos nada e agora temos de pagar a factura»

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Ex-líder do PSD avisa que a austeridade não se vai ficar por aqui. Foi aplaudida de pé pela sua bancada e até houve deputados do PS a «subscrever» as suas palavras

Manuela Ferreira Leite optou por um tom de aviso na sua intervenção durante o segundo dia de debate do Orçamento de Estado para 2011. Exigiu uma «escrupulosa execução orçamental» a partir de agora, para que os «sacrifícios» exigidos aos portugueses não sejam «desperdiçados».

«Não vale a pena desgastarmo-nos em relação ao poder dos mercados. Quem manda é quem paga. Se queremos ser economicamente independentes, temos de nos manter dentro dos limites. Não mandamos nada e temos de pagar a factura nos termos que nos exigem», avisou.

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A ex-líder do PSD frisou que o país está «refém dos credores» devido ao nível de endividamento e ao «anémico» crescimento, lembrando que já tinha avisado o Governo há muito tempo.

«Este OE tenta corresponder ao que nos é exigido. Mas a verdadeira questão política é: como é possível o Governo ter conduzido o país a este ponto? Não foi por falta de avisos de quais seriam consequências da crise...», sublinhou.

Para Ferreira Leite, o importante agora é garantir aos portugueses que os seus «sacrifícios» não vão ser «desbaratados» ou «desperdiçados» e que a austeridade «não se fica por 2013, porque a situação não se resolve em dois ou três anos».

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«Ainda não ouvi neste debate o aviso, por parte do primeiro-ministro ou do ministro das Finanças, que este OE não é a salvação, mas apenas o início de um caminho. Não é um sonho mau do qual acordaremos em breve», avisou.

O «maior risco» agora, segundo a deputada social-democrata, é o Governo conseguir reduzir o défice em 2011 e, em seguida, «relaxar».

«O PS conduziu-nos a uma dura encruzilhada. Para a percorrermos, temos de a apresentar com realismo. É fundamental que não se criem ilusões. Não há nada pior que expectativas frustradas que alimentam a revolta», reforçou.

Louçã a primeiro-ministro?

Após a intervenção da ex-presidente do PSD, Francisco Louçã anotou a «extraordinária mudança de opinião» na bancada laranja, acusando Ferreira Leite de referir o OE como «inevitável» e «o único caminho».

«Pediu mesmo ao Governo que não recue no caminho que está a prosseguir. Foi a voz de Cavaco Silva que ouvimos aqui», acusou.

Na resposta, a deputada admitiu ter «a certeza» de que este orçamento «conduz à recessão» e que não pretende «aligeirar a responsabilidade deste Governo».

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«Não há outro caminho, o senhor sabe. Vamos imaginar que [Francisco Louçã] era primeiro-ministro. Ninguém tem dúvidas que ou o senhor apresentava um esquema algo recessivo ou então íamos para a bancarrota. Por isso, nem queremos imaginar o senhor a primeiro-ministro», disse.

«Talvez não haja ninguém nesta sala que discorde tanto do conteúdo deste OE como eu. Tudo aquilo que o país não precisa está neste orçamento. É péssimo», admitiu Ferreira Leite, mas, no entanto, defendeu o «interesse nacional» para que o PSD o viabilize.

PS e PSD a «fingir» que são amigos

Foi a vez de Afonso Candal (PS) «subscrever» a intervenção de Ferreira Leite, mas lamentar que o PSD não tenha apresentado «alternativas» que não criassem um «novo problema».

«Finja que somos todos muito amigos», aconselhou a deputada laranja, lamentando que o ministro das Finanças tenha contribuído para a desconfiança dos mercados ao falar publicamente de uma eventual crise política.

A ex-líder preparou já o caminho para o seu sucessor, Pedro Passos Coelho: «O PSD vai chegar ao poder sem estar o problema resolvido. Mas os portugueses têm de saber que não fomos nós que criámos o problema.»

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