O ex-presidente do BES não acredita que tenha sido a ocultação de dívida na ESI a causar o colapso do GES e do banco, justificando que esta foi conhecida antes de um aumento de capital que foi um «absoluto sucesso».
Ricardo Salgado defende, então, que foram a «volatilidade das ações e a fuga de depósitos que ditaram o fim do BES». Ou seja, que a culpa foi do Banco de Portugal.
«A indecisão do Banco de Portugal na questão da governance causou desconfiança no mercado».
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«Não houve nexo causal entre o problema da ESI e a quebra de confiança no BES, a partir de 20 de junho de 2014. Se a ESI tivesse causado a destruição do BES, o aumento de capital de maio e junho jamais teria sido feito com absoluto sucesso».
Aliás, Ricardo Salgado continua a defender que, se o grupo tivesse tido «tempo», ainda seria «viável», através de um aumento de capital na Rioforte, que «já estava em marcha», e de um apoio institucional, que «tinha permito estabilizar o passivo a médio prazo e que os ativos fossem vendidos com tranquilidade». Com a medida de resolução, apontou, «inviabilizou-se o BES».
O banqueiro sublinhou ainda que «o dinheiro não desapareceu», tendo apontando que o Novo Banco «beneficiou» dos ativos do BES.
Sobre as contas alteradas da ESI e a ocultação de cerca de 1,3 mil milhões de euros, o ex-presidente do BES voltou a repetir as palavras que já tinha afirmado na primeira audição, mesmo apesar de, entretanto, ter sido desmentido pelo contabilista do GES, Francisco Machado da Cruz, que o acusou de ter dado ordem para essa ocultação.«O dinheiro não foi para os bolsos dos acionistas, entre os quais se encontrava a família Espírito Santo. Mas o dinheiro não desapareceu. Os ativos transitaram para o Novo Banco, por decisão do regulador (…) O relatório da KPMG sobre a ESI demonstra que não houve qualquer desvio de fundos».
Ricardo Salgado acusou Machado da Cruz de já ter dado «cinco versões» da história, mas não admitiu, para já, processá-lo por o acusar de ter tido a ideia da manipulação das contas.«Não dei instruções para a ocultação da dívida. Sabíamos que não tínhamos as contas consolidadas, essa era uma fragilidade».
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Desafiado pelo deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, a pedir desculpa aos clientes e acionistas do BES pelas suas responsabilidades no colapso do banco, o banqueiro rejeitou e citou Fernando Pessoa, ainda que mal.
«Se a família soubesse...»«Pedir desculpa é pior do que não ter razão [a frase de Álvaro de Campos é «não dar desculpas é melhor que ter razão»]. Estou aqui a defender a minha razão. A melhor forma de defender os interesses dos clientes e acionistas é provar que tenho razão. Espero vir a obtê-la quando vier a ser julgado nos tribunais».
O ex-presidente do BES sublinhou ainda que a família Espírito Santo investiu quase 100 milhões de euros em aumentos de capital em empresas do GES, em 2011 e já em 2014, provando que ninguém sabia dos problemas nem previa o colapso.
«Fizemos um aumento de capital da ES Control, em 2011, no qual eu e a minha família investimos 70 milhões de euros. Se soubéssemos que havia um problema, não o tínhamos feito senão estávamos a enganar-nos a nós próprios».
«Há ainda investimentos de 25 milhões no aumento de capital da Rioforte. Ninguém na família sabia o que se passava, senão não tínhamos investido os nossos recursos nesses dois aumentos de capital».
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