A Cofina desistiu de comprar a TVI após falhar a operação de aumento de capital, comunicou hoje a dona do Correio da Manhã, Record e revista Sábado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A operação de oferta pública que permitiria o aumento de capital da Cofina no montante de 85 milhões de euros para financiamento da compra da TVI terminava esta quarta-feira. Contudo, face à “deterioração das condições de mercado” e “não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito”, pode ler-se no comunicado da Cofina.
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Conclusão: “não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital)”, segundo a mesma informação divulgada pela CMVM.
A oferta abrangia a subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal.
O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova ação, que correspondia ao respetivo valor de emissão.
Os acionistas da Cofina tinham aprovado no final de janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI. Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.
Isto depois de a 30 de dezembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) ter anunciado a sua não oposição à compra da Media Capital pela Cofina, que era uma das condições da dona do Correio da Manhã para o sucesso da oferta.
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No anúncio preliminar de lançamento da oferta pública de aquisição (OPA), a Cofina fez depender o sucesso da operação de um conjunto de condições prévias, entre as quais a não oposição por parte da AdC, a autorização da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a aprovação, pela assembleia-geral da espanhola Prisa, da transação, bem como a aprovação e execução de um ou mais aumentos de capital social da dona do Correio da Manhã para financiar a compra da Media Capital.
Mário Ferreira diz que não foi "consultado"O empresário Mário Ferreira, parceiro da Cofina na compra da Media Capital, manifestou hoje “grande surpresa” com a decisão de cancelamento da operação, garantindo não ter “sido consultado” e ter subscrito “todo o montante do capital” acordado.
“Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever. De facto, foi para mim uma grande surpresa”, afirmou Mário Ferreira em declarações à agência Lusa.
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Recordando ter sido “convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente executivo da Cofina] para participar no aumento do capital com vista à aquisição da Media Capital”, o dono da Douro Azul garante ter sido “agora surpreendido pelo cancelamento desse aumento”.
Negociação de ações suspensas“Uma decisão que foi tomada pelos acionistas da Cofina, sem que eu tenha sido consultado”, disse à Lusa.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu hoje a suspensão da negociação das ações da Cofina e do Grupo Media Capital até às 09:00, até à divulgação de informação relevante, foi hoje anunciado.
Em comunicado ao mercado, "o Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213.º do Código dos Valores Mobiliários a suspensão da negociação das ações da Cofina, SGPS, S.A. até às 09:00:00 do dia 11 de março de 2020, e do Grupo Media Capital SGPS, S.A. até à divulgação de informação relevante sobre o emitente".
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O grupo espanhol Prisa, dono da Media Capital, anunciou que vai desencadear contra a Cofina “todas as ações” previstas no acordo de venda da TVI ao grupo de Paulo Fernandes que desistiu do negócio.
Num comunicado divulgado horas depois de a Cofina comunicar ao mercado ter desistido de comprar a dona da TVI, após falhar a operação de aumento de capital que financiaria o negócio, a Prisa diz não ter recebido qualquer comunicação prévia por parte do grupo de Paulo Fernandes.
“De acordo com declarações da Cofina no acordo de compra e comunicadas ao mercado, a Cofina tinha assegurados os compromissos necessários para financiar a transação, quer por parte de instituições de crédito, quer por parte dos seus significativos acionistas, no montante necessário para cobrir o aumento de capital”, lê-se no comunicado do maior conglomerado espanhol de empresas de comunicação social.
Segundo sustenta a Prisa, "a concretização do acordo de compra e venda estava apenas pendente da condição prévia de inscrição na Conservatória de Registo Comercial do aumento de capital aprovado pela Cofina para financiar parcialmente o negócio".
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