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«O investimento público não faz milagres»

Grupo de 13 economistas questiona, em manifesto, as grandes obras públicas. Falam em «projectos sem comprovada rendibilidade económica e social» e em «experiências fantasistas» que poderão ser «desastrosos» para um país que «vive uma profunda crise»

Treze economistas portugueses contestam hoje num manifesto publicado no Diário de Notícias a eventual concretização de grandes obras públicas, que «poderá ser desastrosa» para Portugal, um país que «vive uma profunda crise».

Apesar de os economistas nunca especificarem a que grandes obras públicas se referem no manifesto, o Governo de José Sócrates anunciou recentemente que vai concretizar os projectos do novo aeroporto internacional na Ota e do comboio de Alta Velocidade TGV, avaliados em mais de 25 mil milhões de euros.

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O grupo de economistas, alguns dos quais estiveram com José Sócrates nas Novas Fronteiras, questiona no manifesto a qualidade do investimento público, escreve o DN.

O manifesto é subscrito pelo presidente da Vodafone, António Carrapatoso, o ex-secretário de Estado do Tesouro e Finanças, António Nogueira Leite, o professores catedráticos Augusto Mateus e Fátima Barros, o presidente da RSE Portugal, Fernando Ribeiro Mendes, e o advogado e fiscalista, Henrique Medina Carreira.

O professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova José António Girão, os economistas José Silva Lopes, José Ferreira do Amaral e José Almeida Serra, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro, o ex-Governador do Banco de Portugal Miguel Beleza e o presidente da SIBS Vítor Bento subscrevem também o manifesto.

De acordo com os economistas, «parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise em Portugal pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes».

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Recordando a crise profunda que o país vive, o grupo considera que o cenário requer «uma urgente e dedicada concentração de esforços visando medidas apropriadas de contenção orçamental, de incentivo económico a favor dos sectores de produtores de bens transaccionáveis, de promoção de eficiência económica e de uma moderação da despesa colectiva».

«Porque a situação é séria e o país não pode, sem pesados custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer, de forma clara, que essa ideia é errada e a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o país», escrevem no manifesto.

Os 13 economistas consideram que «o investimento público pode ter virtudes e pode ser um importante elemento estimulador do desenvolvimento».

No entanto, dizem, o investimento público não serve «nas presentes circunstâncias da economia e das finanças públicas«, «sobretudo se dirigido a obras cujo mérito não tenha sequer sido devidamente demonstrado por estudos publicamente divulgados, credíveis e contraditáveis».

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No passado dia 21 o ministro de Estado e das Finanças Luís Campos e Cunha demitiu-se evocando «motivos pessoais, familiares e cansaço», mas como causa próxima na origem da demissão estariam, entre outras, divergências sobre a construção do aeroporto na Ota e comboio de alta velocidade.

No início do mês, em entrevista à RTP e no debate do Estado da Nação, José Sócrates defendeu a construção do aeroporto da Ota e a entrada de Portugal na rede europeia de alta velocidade.

No entanto, na Comissão de Economia e Finanças, Luís Campos e Cunha declarou que, tanto a construção do aeroporto como o TGV se encontravam ainda em avaliação por parte do Executivo.

No dia seguinte, também na comissão, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, reiterou que o TGV e o aeroporto da Ota eram mesmo compromissos de investimento deste Governo.

A gota de água seria um artigo de Luís Campos e Cunha publicado no jornal Público onde o ministro defendia que, para atingir o equilíbrio orçamental até ao final da legislatura, seriam necessários cortes ao nível da despesa pública ao longo de 2006.

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