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Petróleo sobe 50% em oito meses e deixa Portugal à beira da recessão

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Este está a ser um ano negro para o petróleo. E este mês de Agosto, um dos mais sombrios. A economia nacional há muito que começou a ressentir-se dos sucessivos aumentos de preços e o Governo já admite que, a manter-se esta tendência, 2006 será um ano de apertos.

Este está a ser um ano negro para o petróleo. E este mês de Agosto, um dos mais sombrios. A economia nacional há muito que começou a ressentir-se dos sucessivos aumentos de preços e o Governo já admite que, a manter-se esta tendência, 2006 será um ano de apertos.

O preço aumentou oito dólares em Nova Iorque e em Londres, atingindo 68 dólares do outro lado do Atlântico e ultrapassando os 67 no IPE londrino, só neste mês. Na última sessão do mês passado, os preços rondavam, respectivamente, os 60 e os 59,30 dólares por barril.

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Mas, se olharmos mais para trás, o preço actual do NYMEX está 50% acima da mesma altura do ano passado e, tendo em conta os preços do barril de crude praticados no início do ano, as subidas foram de 21 dólares em Nova Iorque e de 22 dólares em Londres, que é o mercado que serve de referência para as importações de combustíveis feitas por Portugal.

E piores tempos virão. É que os analistas dizem que «é impossível prever até onde irá. Há quem fale em 80 dólares, 90 dólares. Se chegar aqui, estamos numa situação que, em termos reais, se equipara à crise petrolífera dos anos 70», disse Paula Carvalho do Departamento de Estudos Económicos do BPI, recentemente à Agência Financeira. Uma coisa é certa: «este é um processo que se vai prolongar por muito tempo».

As pressões sobre o preço do petróleo são sobretudo estruturais. No momento, é a passagem da tempestade Katrina, que já evoluiu para furacão, ao largo da Florida que está a preocupar os investidores. As plataformas no Golfo do México ameaçam fechar portas se esta tempestade se aproximar e esta região produz 25% do crude consumido pelos EUA.

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Mas a verdade é que, independentemente dos factores temporários que podem fazer oscilar os preços, existe um facto que não deixa o valor descer muito: a capacidade de produção e refinação mundial. Mesmo com todas as refinarias existentes a produzirem na sua máxima capacidade, existe pouco espaço de manobra para aumentar a quantidade de combustíveis no mercado. O petróleo é, como todos sabem, um recurso limitado e, mesmo que não o fosse, sê-lo-ia concerteza a capacidade de refinação. É que montar novas refinarias é um processo moroso e extremamente dispendioso e, enquanto esta capacidade de refinação não aumentar, continuará a ser difícil às refinarias acompanharem o ritmo natural de subida da procura. Quem sofre são os combustíveis. (Ver artigos relacionados)

Ministro das Finanças com tarefa dificultada

Medindo as várias consequências negativas que esta situação tem na economia nacional, o Governo tem a sua tarefa de reequilibrar as contas nacionais muito complicada, e vê-se agora forçado a apertar ainda mais os cordões à bolsa.

É que quanto mais caro está o crude, e tendo em conta a relativa estabilidade do valor do euro face ao dólar nos últimos tempos, mais caras são as importações de combustíveis para Portugal, aumentando o défice comercial do País. O próprio Estado tem gastos adicionais e toda uma série de efeitos negativos mitigam a evolução da economia: com mais dinheiro a ser absorvido por estes produtos, as empresas deixam de aplicar noutras coisas, como formação e emprego, e os consumidores deixam de comprar outros bens. Consequências que, numa altura de crise económica, ameaçam fazer perigar as metas com que o Governo se comprometeu perante Bruxelas.

Por isso mesmo, o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, alertou já para a necessidade de apertar o controlo orçamental durante o resto de 2005 e também no Orçamento do Estado para 2006. (Ver artigos relacionados)

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