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António Borges diz que Portugal é hoje «um país bastante mal visto» (Actualização1)

(Actualização1) António Borges afirmou peremptoriamente, esta terça-feira, que Portugal é hoje «um país bastante mal visto». Um país com a reputação em baixo, o que nada abona à recuperação da nossa economia.

Apelando a uma maior audácia na gestão política e empresarial, o economista estabelece como «prioridade das prioridades» o relançamento do investimento em bens transaccionáveis, «onde há uma concorrência directa com o exterior». Dentro destes investimentos, o professor destaca a aposta no turismo por «ter vantagens únicas para Portugal, ser orientado para o exterior, ter muitas potencialidades e ter um efeito arrastador noutras actividades económicas».

O economista, que falava no II Congresso do Turismo, que decorre desde ontem no Estoril, sobre «Contributos do turismo para a afirmação da economia portuguesa», defendeu uma estratégia para Portugal, que denomina de «Nova Economia», uma fórmula bem ao estilo da que se assiste nos países da América e Europa do Norte, e que apesar de fazer correr muitos mais riscos, tem surtido crescimentos bem satisfatórios.

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António Borges lembrou que Portugal tem «uma despesa excessiva», sendo fundamental, em seu entender, «promover a poupança nacional», tanto pública como privada. «Portugal praticamente não tem poupança nacional. Baixou para níveis escandalosamente baixos», sublinhou, lembrando outros países europeus, como a nossa vizinha Espanha, onde esta poupança «se mantém nos cerca de 20%».

No meio de algumas críticas implícitas às políticas seguidas pelo actual Governo, nomeadamente quando afirma que «Portugal tem uma carga fiscal excessiva» e que, portanto, o que se devia fazer para além de «racionalizar a despesa pública», era «reduzir a carga fiscal», António Borges ainda teve tempo para garantir que investimento sim, mas se tiver como base uma política «orientada para o exterior».

Ou seja, «prioridade das prioridades é relançar o investimento em bens transaccionáveis. Mas não é só investimento económico e financeiro, é pormos aí toda a nossa energia (¿). Temos que voltar a recuperar a vontade de conquistar o mundo. (¿) O resto do mundo está disponível e tem capacidade para gastar», acrescentou.

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Para Portugal conseguir alcançar aquilo a que se propõe, tem de exigir inovação, mas também qualidade, e reputação. É neste último ponto que, segundo António Borges, actualmente mais pecamos. «Um dos principais problemas que temos, é certo, por força da nossa economia, é ao nível da reputação. Somos um país bastante mal visto e que os investidores, por isso, esquecem», referiu.

António Borges apelou ao sentido mais audaz dos nossos políticos e empresários, no sentido de não se deixarem influenciar pelo receio de mudança. «Não é possível aceitarmos esta nova economia se não aceitarmos o risco. Há investimento que é contra-producente. (¿) Não é investir mais, no sentido de criarmos mais empresas ou mais fábricas. O modelo baseado na inovação é ter coragem para deixar que algumas empresas (doentes) desapareçam. Deixarmos que as antigas sejam substituídas para sermos capazes de criar novas. Se assim não for, ficaremos no mesmo nível, ou seja, estagnados».

O mesmo exemplificou «nos EUA há estratégias mais audaciosas mas as compensações também são muito maiores (resultados muito superiores), isto se for bem sucedido. Se não for, começa-se de novo».

«Não há nada mais eficaz numa economia do que transferir um recurso que está mal aproveitado para outro sítio onde possa gerar maior riqueza», concluiu.

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