Carlos Fernandes, vogal do conselho de administração (CA) da RAVE - Rede de Alta Velocidade, disse à agência Lusa que a mudança de layout (orientação no terreno) do aeroporto da Ota, anunciada em Janeiro, tornou «tecnicamente possível» uma nova solução para a estação do TGV.
Perante o anterior «desenho» do aeroporto, a construção de uma estação de alta velocidade subterrânea, dentro do aeroporto, foi afastada por se tratar de uma solução «complexa», que colidia com a orientação da drenagem dos terrenos, tendo sido equacionada a sua localização fora.
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Esta solução, que implicava a construção de um ramal que levaria os passageiros até ao aeroporto em shuttle, obrigava quem viesse de Norte a um transbordo, o que a tornava pouco atractiva.
«Com a actualização do layout do aeroporto, é tecnicamente possível uma nova solução», com o atravessamento em trincheira a poente da gare, o que está actualmente em análise, disse Carlos Fernandes.
Reafirmando que o processo está a decorrer dentro dos prazos inicialmente definidos, o vogal do CA da RAVE assegurou que o modelo de negócio da alta velocidade estará concluído até ao final do primeiro semestre do ano.
Uma das situações ainda em análise é a possibilidade de pelo menos parte da obra ser feita em parceria com privados, estando a ser estudado com particular atenção o modelo holandês.
Naquele caso, o Estado assumiu a construção, por empreitada, da subestrutura, entregando a superestrutura aos privados, mas «nem tudo correu bem».
O preço da parte pública duplicou e a articulação com a parte privada revelou deficiências, que levaram a um atraso de praticamente dois anos na entrada em funcionamento dos 100 quilómetros de linha de alta velocidade holandesa, disse.
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«Estamos a aprender com estas experiências, para não cometermos os mesmos erros», afirmou.
Segundo disse, até ao final de Março, a localização da estação do TGV em Lisboa estará definida, entre as duas opções actualmente em estudo (inserção na estação Lisboa/Oriente ou nova localização em Chelas), bem como a inclusão, ou não, do modo rodoviário na Terceira Travessia do Tejo (TTT), no enfiamento Chelas/Barreiro.
Assegurando que todos os estudos do eixo Lisboa/Madrid estarão prontos no final do primeiro trimestre, Carlos Fernandes admitiu atrasos em «alguns aspectos» do eixo Lisboa/Porto, mas garantiu que «estarão todos entregues no segundo semestre» do ano, tal como previsto.
O troço Ota/Pombal, o primeiro cujo estudo de impacte ambiental foi entregue (em Outubro) no Ministério do Ambiente para emissão da declaração de impacte ambiental, foi suspenso até 02 de Abril a pedido da RAVE.
Segundo Carlos Fernandes, dada a complexidade do processo, foi necessário acertar e definir metodologias e preparar um «documento exaustivo», que está a ser trabalhado para ser entregue a 02 de Abril no Ambiente, e que facilitará a apresentação dos restantes.
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Em relação à entrada no Porto, a RAVE concluiu que, «nesta fase seria suficiente» a colocação de um terceiro carril na ponte S.João, ao invés da inicialmente projectada construção de uma nova travessia.
Esta solução encurta o trajecto em cerca de 400 metros e reduz a construção em túnel «três a quatro quilómetros», baixando os custos em praticamente 100 milhões de euros, afirmou.
Carlos Fernandes declarou-se convencido de que em 2008 poderá já haver obra no terreno, se a opção for ser o Estado a realizá-la, ou lançamento dos concursos, se a opção forem as parcerias com os privados.
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