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Alterações climáticas: afinal, que avanços já saíram da COP26?

A falta de consenso entre os países representados em Glasgow pode adiar o fim da COP26, mas já há alguns compromissos que saíram da cimeira do clima

A Cimeira do Clima estava prevista terminar esta sexta-feira, contudo, os 196 países representados em Glasgow teimam em chegar a acordo sobre as medidas para combater as alterações climáticas e a COP26 poderá mesmo prolongar-se durante os próximos dias.

"Mas já saíram vários acordos desta cimeira", pode questionar. Correto, mas trata-se de vários países que se uniram para anunciar o que farão em áreas especificas para reduzir as emissões.

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A questão fundamental é que estes acordos já anunciados não envolvem todos os países representados em Glasgow. O acordo preliminar, divulgado na manhã desta sexta-feira, ainda precisa ser aprovado por cada uma das partes, num processo muito formal (e é por isso que está a demorar tanto).

Ainda assim, já foram feitos vários avanços na COP26, nomeadamente:

Estados Unidos e China "vão fortalecer em conjunto a ação climática"

A China e os Estados Unidos reconheceram, na quarta-feira, que aquilo que estão a fazer para cumprir o Acordo de Paris está muito aquém do desejado, pelo que vão "fortalecer em conjunto a ação climática". Este acordo tem um grande significado geopolítico e põe fim à guerra de palavras que marcaram os últimos dias. 

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Ambos os lados comprometem-se a cooperar em normas regulatórias, transição para energia limpa, descarbonização e "design verde e utilização de recursos renováveis".

Prometem também combater as emissões de metano, um gás com forte efeito de estufa que outros 100 países prometeram reduzir, num acordo que não incluía a China. 

Mais de 100 países prometeram reduzir emissões de metano

Mais de 100 países, entre eles Portugal, mas também os Estados Unidos e a União Europeia como entidade, comprometeram-se, na terça-feira, a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, em comparação com 2020.

O metano é um gás com poderoso efeito de estufa, muito superior ao mais 'mediático' dióxido de carbono, e, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um dos que podem ser reduzidos mais rapidamente.

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"Reduzi-lo abrandaria imediatamente o aquecimento global”, disse Ursula von der Leyen, lembrando que o metano é responsável por cerca de 30% do aquecimento do planeta desde a revolução industrial.

Hoje, os Estados Unidos, a União Europeia, e parceiros, lançaram formalmente o ´Global Methane Pledge´ (Compromisso Global do Metano), uma iniciativa para reduzir as emissões globais de metano e manter possível o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius (acima dos valores médios da era pré-industrial). Um total de mais de 100 países, representando 70% da economia global e quase metade das emissões antropogénicas de metano, subscreveram agora o compromisso”, disse o governo dos Estados Unidos.

Mais de 100 líderes mundiais prometeram acabar e reverter a desflorestação até 2030

Mais de 100 líderes mundiais chegaram a um novo acordo para parar e reverter a desflorestação e degradação do solo, a que se juntará a União Europeia, com um apoio de mil milhões de euros.

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Embora acordos semelhantes tenham sido alcançados antes, desta vez estão entre os signatários os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, líderes das duas maiores economias do mundo.

A declaração também foi subscrita pelos líderes dos países com as maiores áreas de floresta do mundo, a República Democrática do Congo, Papua Nova Guiné e Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, recusou até agora comprometer-se com a proteção da floresta amazónica.

Portugal, Angola e Guiné-Bissau estão também entre os mais de 100 signatários, representativos de mais de 86% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.

Mais de 30 países comprometem-se a eliminar carros a combustão até 2035

Mais de 30 países e pelo menos seis grandes fabricantes de automóveis comprometeram-se, na COP26, a eliminar os carros novos a combustão globalmente até 2040 e, no máximo, 2035 nos principais mercados, para combater a crise climática.

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O Acordo de Glasgow sobre a Emissão Zero de Veículos engloba mais de 100 entidades, incluindo 31 países, embora os três maiores mercados - Estados Unidos, China e Japão - bem como Espanha, Alemanha e França, não vão aderir para já.

Mas pelo menos seis grandes fabricantes de automóveis - incluindo a Ford, Mercedes-Benz, General Motors e Volvo - comprometeram-se a trabalhar para eliminar gradualmente as vendas de novos veículos movidos a gasolina e diesel até 2040 em todo o mundo e até 2035 nos "principais mercados". Já a Toyota, Volkswagen e Nissan-Renault não aderiram à promessa.

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Mais de 40 países concordaram sobre o carvão

Foi estabelecida uma nova aliança entre 40 países para reduzir a dependência do carvão, um dos maiores responsáveis pela poluição. Contudo, os maiores consumidores mundiais, China, Índia, Austrália e os EUA não se comprometeram.

O carvão representa quase 40% da energia consumida globalmente e é um dos principais responsáveis pelos gases com efeito de estufa.

Países menos desenvolvidos e mais expostos às alterações climáticas vão receber doações

O Fundo para os 46 Países Menos Desenvolvidos (FPMD) vai receber 356 milhões de euros, de 12 países doadores, para apoiar a luta contra as alterações climáticas.

As promessas de apoio vieram da Bélgica, região belga da Valónia, Canadá, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Suécia, Suíça e Estados Unidos.

FPMD é o único fundo de resiliência climática que visa exclusivamente os países menos desenvolvidos. Desde 2001 já disponibilizou 1,4 mil milhões de euros para projetos que reduziram a vulnerabilidade climática de mais de 50 milhões de pessoas e reforçaram a gestão resiliente do clima de seis milhões de hectares de terra.

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Portugal entre os 11 países que se comprometeram com fim da exploração de petróleo e gás

Portugal juntou-se esta quinta-feira a outros dez países e territórios numa declaração para acabar com a exploração de gás e petróleo, uma intenção por enquanto limitada, pois só um país com produção significativa, a Dinamarca, definiu um prazo.

Os fundadores da Aliança para Além do Petróleo e do Gás pretendem "marcar uma direção clara para os governos", assumindo que "o objetivo não é pequeno e a ambição não é modesta".

Os fundadores do acordo são ainda Costa Rica, França, Irlanda, Suécia, Itália, Nova Zelândia, Gronelândia, País de Gales, Quebec e o estado norte-americano da Califórnia.

Veja também:

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

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