A mulher que revelou às autoridades francesas a localização de Abdelhamid Abaaoud, o cérebro dos atentados de 13 de novembro em Paris, e ajudou a prevenir novos ataques, queixa-se de abandono por parte da polícia.
Mais de dois meses após os ataques, a mulher revelou, à rádio RMC e ao canal BFM, que continua sem vida social, sem trabalho e sem documentos que correspondam à nova identidade que foi obrigada a assumir, mesmo tendo sido fundamental para que Abaaoud fosse descoberto.
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Amiga da prima do terrorista, a mulher estava presente quando esta foi contactada por Abaaoud para que providenciasse um esconderijo para o cérebro dos atentados. Mais tarde, acabaria por conhecer pessoalmente o terrorista, que diz ter-se mostrado orgulhoso daquela noite, e lhe falou de novos ataques planeados para alguns dias depois a uma creche, estação de transportes e a um centro comercial no bairro financeiro de La Defense, no oeste de Paris.
“Eu disse-lhe: ‘mas tu mataste pessoas inocentes’. Ele respondeu: ‘não, eles não são inocentes, devias ver o que se passa na Síria’”, disse à RMC e BFMTV. “Ele [estava] orgulhoso. [Falava] como se tivesse ido às compras e encontrado um detergente com desconto. [Estava] contente.”
A mulher contou, também, que Abaaoud gozava com a facilidade com que ele e outras 90 pessoas (sírios, franceses, britânicos) entraram na França vindos da Síria, afirmando que “França era zero”. Quando descobriu que o próximo ataque estava planeado para a quinta-feira seguinte aos ataques, a 19 de novembro, decidiu contactar a polícia.
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“Ela disse-me que era para quinta-feira, e eu disse para mim mesma: ‘vou pará-los’.”
Algumas horas depois da denúncia, a polícia descobriu o local exato onde os terroristas se encontravam, um apartamento em Saint-Denis, no norte de Paris, e matou Abaaoud e a prima, Hasna Ait Boulahced. Um terceiro elemento, Chakib Akrouh, um belga de descendência marroquina, que também terá participado nos atentados, fez-se explodir dentro do apartamento.
Segundo a agência Reuters, o Ministério Público francês está agora a investigar as declarações da mulher, devido a uma potencial violação do segredo das investigações. O ministro do Interior, Bernard Cazaneuve, já avisou que a exposição mediática pode colocar a vida da mulher em risco.
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