Em 45 anos de existência (e uma longa interrupção), «Charlie Hebdo» sempre incomodou, e sempre foi, aliás, esse o objetivo: fazer rir, fazer reagir, fazer pensar. Até 2011, foi sobretudo nos tribunais que a escrita do jornal foi atacada. Até ao incêndio com origem criminosa em 2011. E até ao massacre desta quarta-feira, dia 7 de janeiro de 2015. Fevereiro 1969François Cavanna, Georges Bernier sob o pseudónimo de Professor Choron e Henri Roussel, aliás Delfeil de Ton, membros da publicação «Hara-Kiri», o «jornal estúpido e maldicente», lançam «Charlie». Era então apenas um jornal mensal e amplamente ilustrado. A publicação torna-se «Charlie Hebdo» no ano seguinte, em 1970, após ser proibida a publicação de «Hara-Kiri», na sequência da morte do general De Gaulle e da famosa manchete sobre o óbito: «Baile trágico em Colombey: um morto».
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Fevereiro 2006 A publicação, pelo «Charlie Hebdo», de caricaturas do profeta Maomé faz escândalo. E torna-se a causa dos ataques que se seguirão. Na capa do jornal, Maomé com as mãos na cabeça, reclama: «É difícil ser amado por idiotas». No interior, o jornal reproduziu nas próprias páginas as 12 caricaturas publicadas num jornal dinamarquês, o «Jyllands Posten», antes de serem publicadas na íntegra no jornal «France Soir» e, algumas delas, também no «Libération» e no «Le Monde». «Decidimos publicar as caricaturas, em solidariedade com o diretor editorial do «France Soir» demitido e para apoiar a liberdade de expressão», defende o diretor de «Charlie Hebdo» na época, Philippe Val. O caso causou comoção, as vendas do jornal dispararam.
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Fevereiro 2007 Perseguido na justiça por várias organizações muçulmanas, por ter publicado as caricaturas de Maomé, «Charlie Hebdo» responde às acusações em tribunal. Em causa estão duas caricaturas: a que mostra Maomé com uma bomba no turbante, e também aquela em que Maomé trava um grupo de homens-bomba com a afirmação: «Parem, não temos mais virgens em stock». Vários intelectuais, políticos e redações de jornal, entre as quais a do «Libération», apoiaram «Charlie Hebdo».
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Novembro 2011 «Charlie Hebdo» publica um especial «Sharia Hebdo» para «celebrar a vitória» do partido islamita Ennahda, na Tunísia. Na noite que precedeu o lançamento do especial, a redação do jornal é atacada com uma boma incendiária. Não houve feridos, mas a sede, na altura localizada no nº 62 do Boulevard Davout, foi destruída. No dia seguinte, o jornal «Libération» acolheu os jornalistas de «Charlie Hebdo». A redação, mais mobilizada do que nunca, ali permaneceu algumas semanas. Desde essa altura, os desenhos de autoria de Luz ou de Tignous permanecem afixados nas paredes.
Setembro 2012 Novas caricaturas de Maomé, novo escândalo. A manchete «Intocáveis 2» causa indignação. A rubrica «Les unes auxquelles vous avez échappé» («As manchetes a que você escapou») também inclui duas caricaturas de Maomé que fazem escândalo. Uma apresenta o profeta numa posição muito explícita, que o canal iTélé se recusou a colocar no ar. Jean-Marc Ayrault, então primeiro-ministro, defende a liberdade de expressão, mas recusa «excessos».
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