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A portuguesa Alexandrina Vieira, funcionária num restaurante na aldeia onde decorre a operação policial para deter os dois suspeitos do atentado de Paris, considerou hoje à Lusa que o local está transformado num «palco de guerra».
a operação policial«É um palco de guerra a entrada de Seine-et-Marne, com um grande aparato de polícias, autoridades armadas e tudo isso, há helicópteros a sobrevoar a zona», relatou a portuguesa por telefone à Lusa.
«Não pode haver supressão da liberdade, sinto uma revolta [por ver] pessoas inocentes que morrem por um ódio e um simples papel», disse a portuguesa à Lusa, referindo-se aos 12 mortos no ataque feito pelos dois suspeitos que agora estão a ser cercados pela polícia nos arredores de Paris.
SIGA AQUI A OPERAÇÃO POLICIAL AO MINUTO
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Um dos alegados autores, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se entregou às autoridades e os outros dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, estão cercados pela polícia.
Questionada sobre se está com medo por estar tão perto da operação policial, Alexandrina Vieira respondeu: «Não tenho medo porque trabalhei em Paris e assisti a muitos atentados e muitas coisas, somos cidadãos, temos de ser frios e corajosos, somos cidadãos, não podemos fazer frente a eles, temos de ser mais fortes que eles».
«Vi os bombeiros, a polícia a passar, ouvi na televisão dizerem para ninguém sair de casa, e tenho medo. Tremi um bocado. Tenho medo, a minha mãe telefonou-me a pedir para não sair de casa, e uma amiga que mora um pouco abaixo na rua, disse-me a mesma coisa», contou à Lusa a portuguesa Maria Morais, de 54 anos, desempregada e que vive em Paris desde pequena.
«Nós estamos aqui no palco. Estamos a três quilómetros e vemos uma agitação que é natural no meio de tudo isto. Eles estarão barricados numa empresa, aqui muito perto, a três ou quatro quilómetros no máximo e penso que isto vai ser o fim porque a polícia já está a cercar tudo», disse à Lusa Serafim Campos, que trabalha num restaurante em Montgé-en-goelle.
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«Cercaram tudo aqui, não podemos sair sequer para ir buscar o pão, porque isto é um restaurante, está tudo barricado e temos indicação para não sairmos de casa enquanto isto não se resolver», acrescentou à Lusa, salientando que logo às 07:15, quando abriu o restaurante, já notou «uma grande agitação, com carros, polícias e armas».
O Presidente francês, François Hollande, interrompeu a sua terceira reunião de crise com os membros do Governo aquando do início da operação na zona industrial de Dammartin-en-Goele, informaram fontes do Eliseu.
O gabinete de crise, consagrado para a operação policial em curso contra os dois presumíveis autores do atentado contra o semanário Charlie Hebdo, terça-feira em Paris, tinha começado pelas 09:00 locais, menos uma em Lisboa.
Cerca das 8:40 locais, menos uma em Lisboa, de acordo com a mesma fonte, os dois homens levaram, através da força, um veículo, um Peugeot 206, a uma mulher na localidade Montagny-Sainte-Félicité, no departamento de Oise, que os identificou como os irmãos Kouachi.
Minutos mais tarde, já em Dammartin-en-Goele, deu-se um tiroteio com a polícia.
Criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, o semanário Charlie Hebdo tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu voltar a publicar cartoons do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polémica em vários países muçulmanos.
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