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Descoberta anestesia que não tira os sentidos

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Poderá também ser utilizada para ajudar os pacientes que sofrem de dores crónicas

Investigadores norte-americanos descobriram que a combinação de um anestésico com a substância que faz as malaguetas serem picantes bloqueia a dor sem prejudicar o movimento ou outras sensações como o toque, contribuindo para o tratamento da dor crónica, escreve a Lusa.

O estudo, divulgado esta semana na revista Nature e financiado pelos National Institutes of Health (NIH), sugere melhorias no tratamento da dor com um método que, segundo os investigadores, pode ser largamente usado em procedimentos cirúrgicos e até em crianças de berço.

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A descoberta pode ainda levar a novos tratamentos para ajudar os milhões de pacientes que sofrem de dores crónicas.

Os investigadores Clifford J. Woolf e Bruce Bean, da Escola Médica de Harvard, usaram uma combinação de «capsaicin», a mesma substância que torna as malaguetas picantes, e uma droga chamada «QX-314», derivada da lidocaína, um dos mais usados dos anestésicos locais.

Ao contrário dos analgésicos usados actualmente nas cirurgias, que obstruem a actividade de todos os tipos de neurónios causando torpor, paralisia e outras perturbações do sistema nervoso, esta nova combinação explora uma característica única dos neurónios sensíveis à dor, de forma a bloquear a sua actividade sem danificar as funções das outras células.

A lidocaína alivia a dor bloqueando os impulsos eléctricos em todas as células nervosas e o seu derivado «QX-314» sozinho não pode atravessar as membranas das células nervosas para bloquear a respectiva actividade eléctrica.

É aqui que entra a «capsaicin». Esta droga abre largos poros chamados «canais TRPV1», encontrados apenas dentro das membranas das células dos neurónios sensíveis à dor, e estes canais permitem ao «QX-314» passar, bloqueando assim selectivamente a actividade destas células.

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Ao testar a combinação de «capsaicin» e de «QX-314» em neurónios isolados de ratos descobriram que os animais conseguiam tolerar melhor o calor do que o habitual.

Injectaram ainda a mesma combinação junto ao nervo ciático dos animais e os ratos tratados não mostraram sinais de dor.

Cinco de seis animais continuaram a movimentar-se e comportar-se normalmente, o que demonstrou que a droga pode parar a dor sem bloquear os neurónios que controlam o movimento.

Segundo a investigação, a droga demorou cerca de meia hora para bloquear totalmente a dor em ratos e o alívio da dor demorou várias horas.

«O santo Graal na ciência da dor é eliminar a dor patológica sem prejudicar o pensamento, a coordenação e outras funções vitais do sistema nervoso e estas descobertas mostram que uma específica combinação de duas moléculas pode bloquear apenas os neurónios relacionados com a dor, trazendo a promessa de grandes conquistas no futuro para os milhões de pessoas que sofrem de dor incapacitante», disse Story C. Landis, director do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, um dos institutos patrocinadores da investigação.

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