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Proibição de levar portáteis nos aviões pode chegar à Europa

Interdição de transportar “gadgets” maiores que um smartphone na cabine de passageiros pode ser aplicada a voos entre os EUA e a Europa. Medida promete causar prejuízos avultados e um verão caótico nos aeroportos. Em causa, estão alegadas ameaças terroristas, mas a Europa quer mais explicações

Trabalhar num computador ao mesmo tempo em que se voa sobre o Atlântico em direção aos EUA pode passar a ser uma miragem. A administração de Donald Trump está a ponderar estender a proibição de voar com portáteis, e outros dispositivos eletrónicos, aplicada em março ao Médio Oriente, à Europa. A Comissão Europeia já pediu explicações e para esta quarta-feira está agendada uma reunião entre representantes de Bruxelas e da Agência de Segurança dos Transportes dos EUA.

Em cima da mesa estão os fundamentos para a decisão. Em março, quando os EUA aplicaram a proibição de viajar com "gadjets" em voos dos Estados Unidos para oito países, a imprensa atribui a decisão à possibilidade de os terroristas conseguirem colocar uma bomba num portátil. O New York Times chegou mesmo a avançar que a ameaça partia do Estado Islâmico. Segundo fontes dos serviços secretos norte-americanos, citados por vários órgãos de informação, os terroristas teriam conseguido recentemente elaborar uma bomba que poderia ser colocada em dispositivos eletrónicos.

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Oficialmente, os Estados Unidos pouco adiantam. David Lapan, porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, disse, na passada quinta-feira, que os EUA estão a pensar rever a medida e que a “ameaça continua a ser avaliada e que serão feitas alterações caso seja necessário”.

Bruxelas não se deixou convencer pelos argumentos e enviou uma carta a pedir explicações. Já esta segunda-feira, depois de algumas conversações entre o secretário de Estado de Segurança Interna dos EUA, John Kelly, e alguns ministros europeus, o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, declarou que o encontro de quarta-feira servirá “para avaliar conjuntamente quaisquer novas ameaças e trabalhar numa abordagem comum para as enfrentar".

Schinas disse ainda que a Comissão Europeia partilha das preocupações de segurança dos EUA, mas adianta que a EU já solicitou a Washington para ser mais “aberta” à partilha de informação secreta que justifique o alargamento da restrição.

A ser implementada, a medida pode afetar mais de 30 milhões de passageiros que por ano viajam dos EUA para a Europa. De acordo com a Associação de Aeroportos (ACI Europe), por semana são realizados mais de três voos entre os EUA e os 28 países da União Europeia. Companhias aéreas como a Lufthansa, British Airways, Air France-KLM, assim como companhias americanas, deverão ser fortemente afetadas. O setor também já reuniu com o governo norte-americano a pedir uma negociação conjunta.

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As maiores preocupações prendem-se com os muitos executivos que utilizam as viagens de longo curso para trabalhar. O responsável da Associação Internacional de Transporte Internacional, Alexandre de Juniac, disse à Bloomberg, que a medida pode custar às companhias aéreas mais de mil milhões de dólares.

Para além das preocupações logísticas, a Europa está também preocupada pelo facto da medida implicar a colocação de muitas baterias de íons-lítio nos porões dos aviões, o que pode comprometer a segurança, dado o risco de explosão.

A proibição já em vigor afeta 50 voos diários com destino aos Estados Unidos procedentes de dez aeroportos internacionais em oito países: Jordânia, Kuwait, Egipto, Turquia, Arábia Saudita, Marrocos, Qatar e Emirados Árabes Unidos. Em Março, o Reino Unido também se juntou, aos Estados Unidos na proibição de computadores na cabine de passageiros dos aviões. A medida, no caso do Reino Unido, diz respeito aos voos diretos procedentes da Turquia, Líbano, Jordânia, Egipto, Tunísia e Arábia Saudita.

As autoridades norte-americanas não especificaram as medidas dos aparelhos proibidos, informando apenas que a restrição se impõe a todos os dispositivos maiores que um smartphone, ou seja, computadores portáteis, tablets, leitores de livros electrónicos, câmaras fotográficas e de filmar, leitores de DVD portáteis, consolas de jogos maiores do que um smartphone, impressoras e scanners.  

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