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Eleições na Venezuela: Fidel, Maradona, boletins e outros fenómenos

Uma campanha com forte participação de não venezuelanos

O vídeo de Fidel Castro a escutar comovido uma canção dedicada a Chávez, ou a presença de Diego Armando Maradona no comício de encerramento da candidatura de Nicolás Maduro, são apenas algumas das muitas peculiaridades da campanha eleitoral para a eleição presidencial da Venezuela do próximo domingo. O astro de futebol argentino, que manteve uma relação de amizade com Hugo Chávez enquanto este foi vivo, e o visitou em Cuba num dos tratamentos a que Chávez se submeteu, foi uma das várias estrelas estrangeiras convidadas para reforçar a ideia de continuidade entre Chávez e Maduro. Um gesto de convicção e tributo a uma amizade, garante a campanha de Maduro. Retribuição a um significativo cachet de presença, garantem elementos da oposição.

Maradona, que na sua aparição usou uma camisa vermelha típica do movimento bolivariano, de Chávez, aproveitou a ocasião para apoiar também a atual presidente da Argentina, Cristina Fernandez Kirchner, com uma inscrição «Cristina 2015» que lançaria a candidatura da líder política argentina a um terceiro mandato. Desde que assumiu o cargo, a presidente argentina foi desde cedo uma importante aliada política do regime de Chávez, de cuja recandidatura à presidência foi mandatária, em outubro passado.

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O apoio público de personalidades de outros países, políticas ou não, tem sido, aliás, prática corrente tanto das presidências de Chávez como da campanha de Maduro, num sinal de que a imagem que se projeta do regime venezuelano na Europa não reflete necessariamente a que tem na América Latina, onde o seu peso económico se fez sentir com mais força. Além dos laços de amizade, política e pessoal, entre Chávez e os irmãos Raúl e Fidel Castro, agora prolongados com Maduro, também o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, já manifestou publicamente o seu apoio ao sucessor designado por Chávez. O mesmo acontecendo com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que recentemente suspendeu funções por motivos de saúde.

Outra particularidade das eleições na Venezuela prende-se com o facto de os boletins de voto replicarem a cara do candidato tantas vezes quantas os partidos que os apoiam. Assim, em outubro passado, o principal candidato da oposição, Capriles, que era apoiado por uma coligação de 22 partidos, tinha a sua cara espalhada por outros tantos quadrados, enquanto Chávez aparecia 12 vezes. Agora, Capriles surge apenas uma vez, como candidato da coalizão Mesa de Unidade Democrática, aparece apenas uma vez, contra as 14 réplicas da cara de Nicolás Maduro.

Este é um dos pontos a ser observado pelas equipas internacionais de observadores, convidados pelas autoridades venezuelanas para validar os procedimentos eleitorais. Entre eles, como se sabe, conta-se o ex-primeiro-ministro português José Sócrates, que manteve laços fortes com o regime de Chávez durante a sua permanência no cargo. Com idênticas funções de observação, também estará no terreno uma missão da União de Nações Sul-Americanas, Unasul.

Dos raros pontos em comum entre os dois candidatos, está a promessa do aumento de salário mínimo (que nesta altura ronda o equivalente a 300 euros), aspecto que se tornou uma necessidade imperiosa depois da desvalorização de moeda, levada a efeito em fevereiro, para atenuar os efeitos de uma inflação a rondar os 20 por cento. A diferença, aqui, é que Capriles anunciou um aumento imediato de 40 por cento enquanto Maduro garante que o governo tem previsto um aumento faseado, em três etapas, até aos 45 por cento.

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