Tal como outros líderes que já faleceram, Hugo Chávez também vai ser embalsamado. O culto do corpo conservado é uma das técnicas mais antigas da humanidade e são vários os líderes que, depois de mortos, estão expostos em mausoléus, para continuarem a ser admirados.
No continente de Hugo Chávez, Juan Domingo e Eva Péron destacam-se. Os restos mortais do general e da mulher, que marcaram a história da Argentina, foram preservados através desta técnica de conservação.
PUB
Lenine é, provavelmente, um dos casos de preservação mais conhecidos. O fundador da antiga União Soviética foi embalsamado, depois de falecer em 1924. O seu corpo está em bom estado de conservação, sendo, todos os anos, tratado com processos químicos.
Este líder político descansa, hoje, num sarcófago transparente, que se tornou num dos pontos turísticos mais visitados de Moscovo. O «Mausoléu de Lenine» está situado na Praça Vermelha da capital russa.
Para além de Lenine, outros líderes políticos russos foram embalsamados. Estaline, seu sucessor, também esteve no mausoléu da Praça Vermelha, mas acabou por ser retirado anos depois.
As técnicas de embalsamento na Rússia são pioneiras e foram aplicadas a líderes políticos de outros países. O búlgaro Gueorgui Dimitrov, Klement Gottwald, da Checoslováquia, o angolano Agostinho Neto e Forbes Burnham, líder na Guiana, foram embalsamados por equipas de especialistas russos.
Para além da Rússia, China, Vietname e Coreia do Norte destacam-se no que diz respeito a líderes embalsamados. Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular da China, descansa num mausoléu de Pequim. Ho Chi Minh é interpretado como uma divindade no Vietname e descansa também, num mausoléu em Hanoi. Kim Il Sung e o filho, Kim Jong-Il, foram preservados e descansam em sarcófagos de cristal, no mesmo mausoléu.
PUB
Chávez «parece dez anos mais novo»
A decisão de embalsamar Chávez parece seguir a mesma linha da história destes líderes políticos. A presença destas figuras, em bom estado de conservação, ajuda a perpetuar o poder e o culto que tiveram em vida.
O culto ao presidente venezuelano tem sido destaque desde que faleceu, na terça-feira, em Caracas. Milhares de pessoas participaram no cortejo fúnebre para se despedirem do presidente, vítima de cancro, e outras tantas fizeram fila para visitar o corpo, em câmara ardente na Academia Militar.
As filas de gente para visitar Chávez prolongam-se.
O presidente vai ser enterrado com todas as suas insígnias militares colocadas. Tem colocada a boina vermelha que usou, quando tentou um falhado golpe de estado em 1992, contra o governo de Carlos Andrés Pérez e usa um uniforme militar, verde, com uma camisa branca e uma gravata preta.
A jornalista do «El País» Maye Primera afirmou, depois de ver o corpo, que a imagem do presidente já morto é bastante diferente da sua imagem antes de falecer. «Parece dez anos mais jovem», diz a jornalista, que insinua que o corpo de Chávez pode já ter sido alvo de conservação.
«O seu rosto embalsamado tem a pele morena, com efeito mate, sem brilho, mas com a expressão serena de todos os defuntos: parece dormir», explica.
PUB