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Mickaël dos Santos pode não ser o carrasco do Estado Islâmico

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Jornalista da France 24 chama a atenção para um «tweet» do jihadista francês lusodescendente, em que nega ter participado em vídeo de decapitações

E se o francês Mickaël dos Santos não tivesse participado nas decapitações do grupo Estado Islâmico? A dúvida é lançada, esta sexta-feira, pelo jornalista Wassim Nasr, especialista em movimentos jihadistas que, na estação de televisão France 24, refere que o jihadista francês de origem portuguesa reativou uma conta no Twitter com o endereço @abou_uthman_6. Através dessa conta, Mickaël dos Santos anuncia que «claramente não sou eu que está no vídeo» da execução de 18 soldados sírios e do trabalhador humanitário norte-americano Peter Kassing, divulgado no domingo.

  Wassim Nasr afirma que, desde o início, alguns elementos, como um sotaque árabe perfeito e a cor dos olhos, lhe suscitaram dúvidas de que o homem referenciado no vídeo fosse Mickaël dos Santos. O jornalista da France 24 afirma que o verdadeiro Mickaël dos Santos tem os olhos claros, enquanto a cor dos olhos do homem que aparece no vídeo é escura. Além disso, acrescenta Wassim Nasr, o nariz e os traços do rosto do jihadista francês são mais finos do que os do extremista que aparece no vídeo. Pode ainda referir-se, continua o jornalista, que os cabelos e a barba de Michael dos Santos são menos fartos dos que os do homem que é apontado no vídeo como sendo ele.

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Mas, para Wassim Nasr, o aspeto que mais dúvidas faz levantar é que a pessoa identificada no vídeo como sendo Mickaël dos Santos «exprime-se num árabe perfeito e até com um sotaque sírio bastante pronunciado».

 

Ainda que Mickaël dos Santos esteja a viver na Síria há vários meses, e mesmo que tenha aprendido a falar a língua, «é impossível que ele apresente esse nível de árabe nem que tenha esse sotaque sírio», defende o jornalista.

Wassim Nasr sublinha que a esses elementos, já de si muito importantes, junta-se o facto de o jihadista, apresentado como Mickaël dos Santos, ter sido apontado como sendo sírio por jihadistas no local, e também porque os «companheiros» de Mickaël dos Santos negaram todos que seja ele quem está no referido vídeo.  

— عبد الودود الفرنسي (@abou_uthman_6) 20 novembro 2014

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Frenesim mediático

Sem esquecer que as autoridades francesas talvez disponham de informações de que os jornalistas não tenham conhecimento, Wassim Nasr defende que, «enquanto jornalistas, é nosso dever duvidar e tentar ver mais claro».

O jornalista admite que «os media se deixaram levar e se precipitaram» no que diz respeito à identificação de Mickaël dos Santos, sobretudo se comparado com o caso de Maxime Hauchard. No que diz respeito a este último jihadista, as autoridades francesas confirmaram de imediato e oficialmente de quem se tratava.

 

«O nome de Maxime Hauchard foi tornado público e todas as verificações foram feitas, enquanto no caso de Mickaël dos Santos sabemos muito bem que é jihadista, que integra as fileiras do Estado Islâmico, mas as autoridades francesas tardaram em confirmar», afirma Wassim Nasr.

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  O jornalista sublinha que as autoridades abriram um inquérito para identificar o segundo jihadista francês que surge no vídeo do grupo Estado Islâmico, ao contrário do que aconteceu com Maxime Hauchard.

«Essa investigação ainda decorre e por isso é preciso ter todo o cuidado com as afirmações que se fazem», diz o jornalista, reiterando que houve, de facto, um «frenesim» dos órgãos de informação, não só em França, como no estrangeiro, que se apressaram a identificar Mickaël dos Santos no vídeo.  

A terminar, Wassim Nasr aponta que, mesmo que Mickaël dos Santos negue participação nas decapitações do Estado Islâmico, em última análise «é a palavra dele contra a palavra do Procurador, sem esquecer que a mãe o reconheceu, embora no Twitter ele [Mickaë] diga que não é verdade».  

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«Todos esses elementos suscitam a dúvida, e põem em causa que seja mesmo ele [no vídeo]. Não estamos seguros a 100% nem de uma versão, nem da outra, mas hoje as dúvidas acentuam-se», conclui o jornalista.  

 

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