A foto de «Rehana» tem povoado amplamente as redes sociais nas últimas semanas. Cabelo loiro, olhos claros, sorriso determinado. A fotografia foi tirada a 22 de agosto, durante uma cerimónia em Kobane, que servia para celebrar a chegada de voluntários curdos para combater o Estado Islâmico (EI).
Kobane é uma cidade sitiada, constantemente bombardeada pela Coligação e de onde chegam poucas informações. Por isso também, pouco se sabe de «Rehana» ou o «Anjo de Kobane», como já foi apelidada.
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Especialistas sugerem que o «Anjo de Kobane» não é sequer real e não passa de propaganda ou de uma criação mediática. No dia em que a fotografia foi captada, havia um único jornalista internacional presente, o sueco Carl Drott, que chegou a falar com ela e ficou a saber que ia para linha de frente e se tinha voluntariado para a força policial de Kobane.
«Tentei encontrá-la depois da cerimónia, mas não consegui nem mesmo saber seu nome», acrescentou o jornalista.
As histórias sobre as façanhas de «Rehana» são quase tão enigmáticas como a sua existência… ou como a sua morte. No início de outubro, circularam no Twitter imagens que seriam do seu corpo decapitado às mãos do Estado Islâmico, mas, poucas semanas depois, voltaram a surgir relatos dos seus feitos.
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Mulheres de luta Se o «Anjo de Kobane» é realidade ou um mito, a verdade é que parece estar a cumprir o papel de inspirar a resistência curda.
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«Os terroristas do EI é que têm medo de nós. Acreditam que não vão para o paraíso se forem mortos por uma mulher. Segundo eles, as mulheres não deviam sair nem participar nas atividades sociais. Lutamos como mulheres, porque também lhes queremos mostrar que não somos escravas», diz Zilan, citada por aquele blogue.
Estrangeiros recrutados pela Internet
Às mulheres Pershmerga, juntam-se também centenas de estrangeiros. Seguidores do blogue «Kurdistan» perguntam como se podem juntar às fileiras do exército YPG (sigla do curdo para «Unidades de Proteção Popular») e as explicações são claras. Nas redes sociais, proliferam também as páginas oficiais de grupos de recrutamento para o YPG.
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Um dos exemplos mais mediatizado de estrangeiros a combater contra o Estado Islâmico é o do antigo soldado norte-americano Jordan Matson, de 28 anos. Depois de se juntar às milícias curdas, tem incentivado outros veteranos de guerra a fazer o mesmo. Para isso, tem usado a sua página no Facebook e também o YouTube.
De acordo com o jornal «Business Insider», Jordan Matson está a ajudar o YPG a recrutar homens e mulheres para as suas fileiras na Europa, Austrália e Estados Unidos. E de acordo com o «Daily Mail», o jovem dá indicações precisas no Facebook aos que se querem alistar.
Jordan Matson nasceu no Wisconsin e serviu o Exército norte-americano durante dois anos, entre 2007 e 2009. Terá sido ferido por um morteiro assim que chegou à Síria. Enquanto esteve em recuperação, terá sido este o seu contributo para com o YPG. Depois que se recuperou, continuou a comunicar-se com potenciais guerrilheiros.
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«Se tens passaporte válido e dinheiro para a viagem, assim como dinheiro para poderes regressar quando quiseres, entra em contacto com eles. Vais precisar apenas de algumas mudas de roupa para os teus dias de folga e uns pares de botas», explica Matson, num dos seus posts, citado pelo «Daily Mail».
Jordan Matson não é exemplo único. A 20 de outubro, a CBS exibiu uma reportagem sobre Jeremy Woodard, um antigo soldado do Exército dos Estados Unidos, natural do Mississippi, que se alistou no YPG.
«Percebi que, vindo para cá, poderia influenciar outros americanos e cidadãos de outros países a fazer o mesmo», disse Jeremy Woodard na reportagem.
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