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Ramos Horta dividido entre Díli e o mundo

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Candidatura a um cargo das Nações Unidas encerra oportunidades e riscos

A candidatura de José Ramos-Horta a um cargo das Nações Unidas encerra oportunidades e riscos tanto para o chefe de Estado como para Timor-Leste, segundo opiniões recolhidas pela agência Lusa em Díli.

Familiares de José Ramos-Horta, políticos timorenses e algumas figuras internacionais têm dado o seu conselho ao chefe de Estado sobre candidatar-se ou não a Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Para o próprio Presidente, a decisão está a ser «um grande dilema», conforme José Ramos-Horta confessou esta semana aos jornalistas.

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No círculo familiar e de amigos, os testemunhos recolhidos pela Lusa apontam para uma opinião favorável à ida de José Ramos-Horta para Genebra, sede do ACNUDH. «Está na altura de o Presidente pensar um bocadinho nele, sobretudo depois do que se passou em Fevereiro», resumiu uma fonte próxima do chefe de Estado.

Um dos homens ouvidos por José Ramos-Horta foi o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, chefe de Estado-Maior-general das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL). «A qualquer timorense, primeiro é Timor e depois o mundo. Mas a decisão é do senhor Presidente», resumiu o comandante timorense numa entrevista recente à Lusa.

«Timorenses estão com ele qualquer que seja a decisão»

«Ele não é um homem apenas de Timor, é sobretudo um homem com estatuto internacional. Ele sabe-o bem», explicou Taur Matan Ruak, sem desvendar o conselho que deu ao chefe de Estado. «Para nós, os timorenses, estamos com ele qualquer que seja a decisão», acrescentou, fazendo eco de uma posição ouvida pela Lusa de outros líderes timorenses.

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José Ramos-Horta está consciente dos desafios e riscos de «um cargo muito difícil e ingrato», se decidir candidatar-se e se for escolhido, segundo admitiu à imprensa.

O chefe de Estado timorense pensa, também, que tem o perfil exacto para o cargo, ao referir que «o ACNUDH não deve ser ocupado por alguém que seja apenas jurista. Deve ser para alguém com experiência política e diplomática».

Saída de Ramos Horta deixaria Timor numa situação frágil

Segundo os comentários recolhidos pela Lusa, a opinião prevalecente entre os pares políticos de José Ramos-Horta é que a saída do chefe de Estado deixa Timor-Leste numa situação de fragilidade institucional.

O próprio Presidente explicou que a sua escolha seria mais fácil «se o país estivesse cem por cento estável e (o Presidente da República) não fizesse tanta falta». «Não é claro que a comunidade internacional entenda a saída de Ramos-Horta nesta altura, quase no início do mandato e retirando, com isso, um factor essencial de estabilidade política», afirmou à Lusa um responsável internacional há mais de duas décadas envolvido com o processo timorense.

«Também não vejo que o cargo em Genebra seja o que melhor serve as ambições para mais altos voos, que o Presidente continua a ter», acrescentou a mesma fonte, referindo-se a uma eventual candidatura de Ramos-Horta a secretário-geral da ONU, em 2012.

«O que melhor serve esse sonho é um desempenho eficaz como chefe de Estado, concluindo a transição da crise de 2006», declarou. «Genebra, ao ser um cargo de intercepção de grandes divergências internacionais, por exemplo entre os EUA, a Europa e a China, pode tornar-se a muito curto prazo uma armadilha para Ramos-Horta», comentou ainda a mesma fonte, que conhece o Nobel da Paz timorense desde os anos 1990.

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