"O caos". O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados não usa meias palavras para antecipar as consequências da nova lei anti-imigrantes aprovada na sexta-feira pela Hungria, ao mesmo tempo que o responsável máximo da ONU, Ban Ki-Moon renova o apelo à Europa para uma resposta eficaz para esta crise.
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"A grande maioria das pessoas que chegam à Europa são refugiados que fogem à guerra e à violência e que têm o direito de requerer asilo, sem qualquer forma de discriminação"
Ban Ki-moon quer que os líderes europeus ajam de forma responsável e humana com os refugiados que chegam às suas fronteiras e convida-os para uma reunião sobre a migração no final deste mês.
Só este ano, já morreram pelo menos 2.760 migrantes no Mediterrâneo. Fora aqueles que as estatísticas poderão não ter contabilizado.
A Agência da ONU para os Refugiados, da qual o português António Guterres é ainda o alto-comissário, advertiu também hoje que a Europa tem de passar das palavras às ações e acolher 200.000 refugiados, defendendo que não pode haver apenas “uma solução alemã para um problema europeu”.
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A Europa está longe de estar em sintonia quanto ao problema. O caso da Hungria é paradigmático, com a criação de uma lei anti-imigrantes.
“É importante que a aplicação desta legislação seja bem pensada (…) Caso contrário, poderá conduzir ao caos na fronteira após 15 de setembro”
A par da Hungria, outros três países rejeitam qualquer sistema de quotas obrigatórias para aceitar migrantes: República Checa, Polónia e Eslováquia.
Na semana passada, as autoridades húngaras enganaram milhares de refugiados, que pensavam que iam de comboio até à Áustria e à Alemanha, mas afinal foram levados para um centro de refugiados.
Isso desencadeou indignação e revolta entre aquelas pessoas, que começaram a fugir dos campos e fizeram-se à estrada, em direção à Áustria. A Hungria tinha cancelado todas as viagens para a Europa Ocidental desde Budapeste, famílias inteiras "viveram" nas estação de comboios durante vários dias e só quando as pessoas começaram a desertar a pé é que as autoridades decidiram oferecer transporte até à fronteira com a Áustria.
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