As três mulheres que estiveram cerca de dez anos sequestradas numa casa de Cleveland sofreram abusos sexuais contínuos e torturas, avançam fontes policiais à imprensa norte-americana. Uma das mulheres, Amanda Berry, tem uma filha com seis anos, cujo pai é um dos raptores, mas terão havido várias gravidezes - pelos menos cinco - resultantes dos abusos de que foram alvo ao longo dos anos.
Amanda Berry (raptada em 2003 e agora com 27 anos), Gina DeJesus (raptada em 2004, com 14 anos, e agora tem 23) e Michelle Knight (desaparecida em 2002, agora com 32 anos) eram espancadas pelos irmãos Castro durante a gravidez e os bebés não sobreviveram, afirmam fontes policiais. Ainda há muito por revelar neste caso, nomeadamente qual ou quais engravidaram e o que aconteceu de facto aos bebés.
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A polícia investiga a casa onde as mulheres viveram durante o cativeiro à procura de explicações e indícios que levem à condenação dos suspeitos de sequestro. Mas uma das perguntas mais difíceis de responder é como estas mulheres puderam estar tanto tempo sequestradas num bairro residencial sem que ninguém desse por nada.
As mulheres encontram-se sob vigilância do FBI. Os três irmãos detidos ainda não foram formalmente acusados e serão esta quarta-feira interrogados. Ariel Castro, motorista de um autocarro escolar, era o dono da casa e julgava-se que vivia sozinho.
O major Frank Johnson da polícia de Cleveland confirmou na terça-feira que Ariel Castro, 52 anos, foi visitado por assistentes sociais em 2004 devido a uma queixa sobre uma criança abandonada no autocarro escolar fechado enquanto foi almoçar num restaurante de fast-food. No entanto, a queixa não teve procedimento criminal. Ariel Castro acabou por ser despedido em novembro do ano passado. Os dois outros irmãos detidos são Pedro Castro, de 54 anos, e Onil Castro, de 50. A polícia não revelou ainda qual o grau de envolvimento de cada suspeito nos sequestros.
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Os vizinhos e as suspeitas
À parte do incidente de 2004, não há registo de qualquer queixa policial relativamente à casa que serviu de cativeiro às duas mulheres. No entanto, agora que o caso se tornou público, há situações que não faziam sentido e que são relatadas por vizinhos.
Israel Lugo, um vizinho, citado pela Reuters, disse ter chamado a polícia em Novembro de 2011 depois da irmã ter visto uma mulher com uma criança ao colo a chorar e a pedir ajuda. A polícia terá batido à porta da casa de Ariel Castro, mas foi-se embora porque ninguém atendeu.
Outro vizinho, Anthony Westry, disse que a criança era muitas vezes avistada a espreitar da janela do sótão da casa. «Ela estava sempre a espreitar pela janela», disse, acrescentando que o sequestrador frequentemente a levava a brincar num parque, mas a uma hora muito madrugadora, e numa altura quem que não estavam outras crianças presentes.
Nina Samoylicz, que vive três casas abaixo, também relata uma situação que lhe despertou a atenção há cerca de dois anos: uma mulher nua no quintal da casa, mas a polícia não deu crédito à situação.
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