O Tribunal de Recurso de Santiago nomeou hoje um juiz para investigar casos de pessoas falsamente desaparecidas durante a ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile, cujas famílias terão sido irregularmente indemnizadas pelo Estado, noticia a «AFP».
O juiz chileno Carlos Gajardo está exclusivamente encarregado de trazer à luz do dia estes «falsos desaparecimentos» que causaram uma «profunda comoção pública», segundo os juízes do Tribunal de Recurso.
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As autoridades, que irão processar judicialmente por extorsão e fraude, levantaram até hoje o caso de quatro pessoas inscritas erradamente na lista oficial das mais de mil vítimas listadas no Cemitério Geral de Santiago.
Alguns ainda estão vivos, outros mortos, mas a sua morte não teve nada a ver com o regime militar do general Pinochet (1973-1990), responsável pelo desaparecimento de mais de 3 mil pessoas.
O escândalo rebentou quando a Associação de Familiares de Presos e Desaparecidos revelou em Novembro o caso de um chileno de 65 anos que morava em Buenos Aires, apesar de estar declarado como desaparecido.
A sua família, que tinha conhecimento do caso, tinha recebido 62 mil dólares do Estado, a título de compensação moral.
Estas revelações emocionaram a opinião pública neste país que continua dividido sobre o legado do antigo ditador, cujos seguidores sempre alegaram que o número de desaparecidos tinha sido inflacionado.
A Presidente socialista do Chile, Michelle Bachelet, que tinha sido torturada durante a ditadura, disse já que não deixaria a dúvida roer a «verdade histórica».
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