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Iniciativa Liberal não apoia Costa na presidência do Conselho Europeu: "Gostamos demasiado do projeto europeu"

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Cabeça de lista dos liberais garante que é preciso travar Putin, tirar margem de manobra aos populismos e assegura que a Europa se mantém como "um espaço livre"

A Iniciativa Liberal não vai apoiar António Costa numa eventual candidatura do ex-primeiro-ministro ao Conselho Europeu. Isso mesmo confirmou o cabeça de lista às eleições europeias, João Cotrim de Figueiredo, em entrevista à CNN Portugal.

O cabeça de lista dos liberais garantiu que a justificação é "simples": “Gostamos demasiado do projeto europeu para nos deixarmos influenciar pela nacionalidade da pessoa que presidirá o Conselho Europeu. As pessoas que devem estar nos principais cargos são pessoas que tenham, quanto ao projeto europeu, visões com as quais nós concordemos. São esses que iremos apoiar".

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Questionado sobre as acusações de "carreirismo" de que tem sido alvo, Cotrim de Figueiredo lembra que só fariam sentido "se tivesse alguma intenção de se candidatar ao Parlamento Europeu quando tomou a decisão de abandonar a liderança do partido", garantindo que tal não aconteceu. A meta da IL nesta ida às urnas, explica, é a eleição de um eurodeputado e não dois, como tem sido tido por "fontes não oficiais do partido": “Nas legislativas tivemos 5%, para elegermos dois deputados teríamos de ter agora por volta de 8% e estar aqui a dizer que íamos crescer 60%, em percentagem, já não seria ambição, que eu gosto, mas seria irrealismo, que eu não gosto".

"Se não for eleito, assumo-o"

E se a IL não eleger qualquer deputado? "Se não for eleito, assumo-o", garante o liberal, realçando que "as eleições europeias são altamente personalizadas, portanto, um mau resultado deve-se a mim".

O cabeça de lista descarta as teorias de que as eleições europeias serão uma segunda volta das legislativas ou a prova de fogo para o Governo da AD, acrescentando mesmo que tal presunção “seria particularmente lamentável", mas que entende que possa vir a ser aproveitada por certos líderes políticos ou partidos a quem "dê jeito interpretar os resultados de determinada forma”.

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A razão pela qual a IL não está no Governo

João Cotrim de Figueiredo explica a dança entre a IL e a AD, antes e depois das legislativas, em torno da cadeira do poder: “As negociações existiram de facto, existiram de boa-fé e não foram conclusivas, porque achámos, no final e de mútuo acordo, que não havia base suficiente de entendimento". O liberal acrescenta que a partir da cisão definitiva a IL optou por fazer uma "oposição construtiva”, tal como diz que aconteceu precisamente esta quarta-feira no Parlamento.

“Ainda esta tarde se discutiu no Parlamento a revogação de boa parte das medidas que constituiu o pacote Mais Habitação, o PSD que no passado tinha mostrado grande desagrado com este pacote, hoje não aproveitou essa oportunidade para o revogar e absteve-se, inviabilizando as nossas propostas”, resume o cabeça de lista liberal às europeias.

Cotrim considera que os últimos dois meses de governação da AD "provam" que a IL "tinha razão em ir a eleições sozinha" e que "teve também razão em não chegar também a entendimento com a AD para formar um Governo pós-eleitoral".

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“Se me pergunta se o eleitorado de direita está satisfeito com a governação não sei responder, porque não me considero eleitorado de direita. Mas, se pergunta se aquilo que nos levou a não aceitar integrar o Governo se está a comprovar como tendo razão de ser, respondo que sim”, explica.

PS tem feito "algo inenarrável" mas nãos e coligou ao Chega

Quanto à aparente aproximação de PS e Chega, o antigo líder liberal assegura que "não entra no coro dos que acham que há uma coligação negativa", entendendo apenas que os dois partidos "coincidem de facto em objetivos que são desestabilizar ao máximo a governação, porque podem ter interesse em encurtar esta legislatura". Cotrim considera, no entanto, que os socialista têm feito “algo inarrável” que é "fazer na oposição aquilo que não fez no Governo" como aconteceu no caso do fim das portagens nas SCUT.

João Cotrim de Figueiredo diz ainda que, no seu entendimento, todos os partidos estão com uma só coisa no pensamento neste momento: o Orçamento do Estado de 2025. "Está toda a gente a ver que força ou falta de força pode ter para forçar uma mudança de Governo nessa altura, inviabilizando o Orçamento", refere, concluindo: "Não me parece um grande serviço ao país, todo um jogo que não me parece muito lícito e é o género de hipocrisia política para a qual não vão contar nunca com a IL”.

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Imigração e os ataques racistas no Porto

Cotrim de Figueiredo entende que a Imigração é um dos problemas que devem "ser enfrentados com clareza e coragem", assegurando que “um liberal nunca porá em causa o direito de alguém, viva onde viver, procurar uma vida melhor noutro sítio, portanto, de um liberal nunca ouvirá recomendações para limitações à imigração”.

“Há que ser humano e justo com quem é elegível para entrar no espaço da Europa, há que ser firme com quem não é elegível e há que ser intransigente com aqueles que beneficiam do desespero destas pessoas que buscam uma vida melhor”, explica, considerando que os imigrantes são uma das respostas para "compensar o défice populacional europeu".

Quanto aos ataques racistas no Porto, Cotrim condena veementemente os atos e aplaude o "clamor bastante espontâneo, genuíno e generalizado" que se verificou em todo o país. "Isso alegra-me, porque acho que ainda conseguimos pensar pela nossa própria cabeça", refere, alertando para a urgência de dados sobre o aumento da criminalidade em Portugal: “Não há nada que ajude mais um populista do que a ausência de dados que possa permitir manter a ideia de que são os imigrantes os responsáveis pelo aumento da criminalidade em Portugal”.

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Serviço Militar Obrigatório e a Segurança da Europa

Como liberal, Cotrim de Figueiredo refere que nunca poderia ser a favor do regresso do Serviço Militar Obrigatório (SMO), mas "também porque tecnicamente o que os exércitos modernos precisam não é compatível com recrutas obrigados". 

“Não defendemos a existência de exércitos europeu. Não defendemos a existência de formas de defesa que sejam comunitárias, defendemos que haja um reforço do pilar europeu da NATO. Uma estrutura europeia informal que nós gostaríamos de ver institucionalizado”, explica.

Perante o estado atual da guerra na Ucrânia, Cotrim afirma que “nesta fase não se deve excluir nenhuma hipótese para que Putin não ache que há um limite ao compromisso e ao empenho da Europa na defesa da Ucrânia" e que foi isso mesmo que Emmanuel Macron com as declarações sobre um possível envio de tropas ocidentais, que classifica como um "um ato de coragem".

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"Os valores europeus estão em causa se a guerra na Ucrânia não for ganha pela Ucrânia e pela União Europeia", alerta Cotrim.

União Europeia: "Melhor a lidar com as crises do que com o dia a dia"

Em tom de fecho, o cabeça de lista da IL apregoou que a “Europa está a ficar para trás” em comparação com os rivais diretos como os EUA, China e até Brasil ou Índia e que só há um caminho possível para o projeto europeu que é voltar a ser "um espaço livre, um espaço rico e um espaço seguro”.

“A Europa mostrou que é capaz de lidar melhor com as crises do que com o dia a dia e isto parece bom, mas na prática não é, porque é a incompetência ou falta de resultados do dia a dia que gera uma falta que cumprimento das expectativas das pessoas, que, por sua vez, gera a insatisfação que alimento os fenómenos que às vezes nós nos queixamos e achamos perigosos”, culminou João Cotrim de Figueiredo.

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