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Myanmar: Europa admite aumentar pressão

Enviado-especial da ONU deixa Rangum. MNE português admite que pressão da Europa «vale o vale»

O enviado especial da ONU para a Myanmar, Ibrahim Gambari, deixou hoje Rangum depois de se ter encontrado com o chefe da Junta Militar birmanesa, Than Shwe, e com a líder da oposição, Aung San Suu Kyi.

Entretanto, a Junta Militar no poder na Myanmar anunciou hoje uma redução de duas horas por noite do recolher obrigatório em vigor em Rangum desde a noite de 25 de Setembro.

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Os novos horários do recolher obrigatório em Rangum, que passaram a vigorar diariamente entre as 22:00 e as 04:00 locais (entre as 15:30 e 09:30 em Lisboa), foram anunciados por responsáveis governamentais com megafones.

Além do recolher obrigatório, o regime determinou que Rangum e arredores se tornassem numa zona de acesso reservado, termo usado para zonas militares ou de combate.

Durante a estada de quatro dias, Gambari - que chegou sábado à Myanmar, onde foi enviado pelas Nações Unidas na sequência da violenta repressão do regime contra um movimento de protesto popular - encontrou-se hoje com o líder da Junta Militar num bunker militar na nova capital birmanesa de Naypyidaw para tentar encontrar uma saída para a crise.

No entanto, não foram dados mais pormenores sobre o encontro, apesar da ONU já ter mostrado preocupação pela situação das pessoas detidas nos últimos dias que, segundo meios dissidentes, ascendem a mais de seis mil.

O presidente em exercício do conselho de ministros da UE, Luís Amado, afirmou hoje que a União Europeia poderá em breve aumentar a pressão sobre o regime birmanês, questão que estará em debate na próxima reunião informal de chefes de Estado e de Governo, a 18 e 19 de Outubro, em Lisboa, mas advertiu que o papel da Europa na questão «vale o que vale».

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Interrogado sobre a actual situação na Birmânia, Luís Amado disse que a presidência portuguesa da UE continua a acompanhar a evolução da situação neste país.

«Há um grande fé no papel do representante especial do secretário-geral ao nível do diálogo entre as partes em conflito, diálogo que é essencial», sustentou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. «A pressão da UE vale o que vale no actual contexto. No próximo Conselho de Assuntos Gerais, vamos discutir formas para aumentar a pressão, mas é determinante que o representante especial das Nações Unidas possa fazer o seu trabalho, porque é um homem que conhecer bem o país», advertiu.

Mil detidos enviados para campus universitário

Dois responsáveis, um birmanês e outro da ONU, que pediram para não ser identificados, afirmaram hoje que pelo menos mil pessoas detidas na semana passada durante a repressão das manifestações anti-Junta foram encaminhadas para um campus universitário de Rangum.

Criança presa com menos de dez anos

Cerca de 1.700 pessoas, incluindo 500 monges budistas, estão detidos no campus do Government Technical Institute de Rangum, referiu o responsável birmanês, adiantando que o grupo incluía cerca de 200 mulheres e monges noviços, um com menos de 10 anos.

O general Than Shwe, considerado o principal obstáculo para a democratização do país, só concordou segunda-feira em falar com Gambari. Depois de se ter reunido domingo durante cerca de uma hora em Rangum com a líder do movimento democrático birmanês, Aung San Suu Kyi, de 62 anos, Gambari voltou hoje, mas durante apenas 15 minutos, a encontrar-se a prémio Nobel da Paz e que está em prisão domiciliária desde 2003.

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