A noite era de enchente. No parque de estacionamento, nos restaurantes, na arena. Onze anos após o último concerto dos Smashing Pumpkins em nome próprio em Portugal, os fãs de longa data da banda de Billy Corgan não quiseram perder a primeira de duas actuações no Campo Pequeno, em Lisboa.
Mas quem foi ao concerto desta quinta-feira à espera de um desfile de hits dos anos dourados do grupo norte-americano, que em 1995 chegou ao seu auge com «Mellon Collie and the Infinite Sadness», terá saído desapontado, ou pelos menos confuso, com as quase duas horas e meia de espectáculo destes «novos» Smashing Pumpkins.
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Corgan é hoje em dia o único elemento fundador ainda na banda e ao longo dos últimos anos recrutou três competentes músicos, com quem gravou as canções de «Teargarden by Kaleidyscope», em 2009, e o novo álbum, «Oceania», com lançamento previsto para o início do próximo ano.
E foi com o espírito de mostrar o novo material que os Smashing Pumpkins encararam a tournée que termina esta sexta-feira, também no Campo Pequeno. Arriscando ser recebido com algum desconhecimento e apatia, Billy Corgan deixou as suas mais recentes criações falarem por si. Literalmente, uma vez que o vocalista e guitarrista não dirigiu uma única palavra ao público durante duas horas.
«Quasar» e «Panopticon» abriram o concerto com o rasgar furioso das guitarras de Corgan e Jeff Schroeder na primeira visita a «Oceania». Apesar da estreia nos ouvidos de muitos dos presentes no Campo Pequeno, os novos temas encaixaram bem num alinhamento que incluiu regressos ao passado com «Starla» e «Geek U.S.A.», dois dos vários momentos de guitarradas e solos prolongados que dominaram grande parte da noite.
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As passagens pelos dois primeiros álbuns, «Gish» e «Siamese Dream» (reeditados esta semana), terão agradado certamente aos fãs mais antigos dos Smashing Pumpkins, que puderam assim recordar singles como «Siva» e «Cherub Rock».
Mas depois de mais uma dose de novidades, que incluiu um «Oceania» demasiado prolongado para quem impacientemente já pedia pelos temas mais conhecidos da banda, a apatia geral do público que esgotou a lotação do Campo Pequeno só foi quebrada ao fim de 120 minutos assim que se ouviram os primeiros acordes de «Tonight, Tonight». O single de 1995 acordou definitivamente uma plateia há muito pronta para recuperar as letras que continuam na ponta da língua passados mais de 15 anos.
Foi também ao cabo de duas horas de concerto que Billy Corgan finalmente decidiu «conversar» com o público. De volta à cena para um encore de três temas, o dono de uma icónica careca e de uma voz única contou que esteve doente na noite anterior, em Madrid, vomitando «seis vezes».
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«Hoje é a Nicole que não se sente bem», revelou Corgan, explicando a ausência da baixista no regresso ao palco dos Smashing Pumpkins. «Vamos tocar uma canção que normalmente não tocamos», acrescentou o músico. Há males que vêm por bem, terão pensado os muitos que receberam com entusiasmo um «Today» interpretado em formato de trio.
Já com Nicole recomposta («Deves ser portuguesa, és resistente», atirou-lhe Corgan), a noite fechou em grande com dois trunfos de peso, «Zero» e «Bullet With Butterfly Wings», cantados por milhares de gargantas. Não terá sido o concerto perfeito para os saudosistas, mas esta foi uma actuação que mostrou que Billy Corgan, apesar de ciente do peso do sucesso passado, está mais interessado em olhar em frente. O futuro dirá se estes Smashing Pumpkins continuam a ter pernas para andar.
Alinhamento do concerto:
1. Quasar
2. Panopticon
3. Starla
4. Geek U.S.A.
5. Muzzle
6. Window Paine
7. Lightning Strikes
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8. Soma
9. Siva
10. Oceania
11. Frail and Bedazzled
12. Silverfuck
13. Pinwheels
14. Pale Horse
15. Thru the Eyes of Ruby
16. Cherub Rock
17. Tonight, Tonight
Encore
18. Today
19. Zero
20. Bullet With Butterfly Wings
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