Se, há 30 anos, ele era um dos maiores críticos de Margaret Thatcher, Morrissey continua a ter a mesma opinião, agora que a ex-primeira-ministra do Reino Unido morreu. Num comunicado divulgado pela imprensa britânica, o músico reafirmou que Thatcher «não queria saber das pessoas».
«Thatcher não era uma líder forte ou formidável. Ela simplesmente não queria saber das pessoas, e esta frieza foi delicadamente transformada em bravura pela imprensa britânica, que está a tentar reescrever a história para proteger o patriotismo», defendeu Morrissey.
PUB
Para além dos elogios da imprensa a Margaret Thatcher na hora da sua morte, Morrissey criticou também o mesmo tipo de discurso da classe política, nomeadamente do atual primeiro-ministro David Cameron «em defesa dos seus próprios interesses».
«O facto de Thatcher ter levado os britânicos a violentas manifestações, e a uma desordem social nunca antes vista na história do Reino Unido, é totalmente ignorado por David Cameron em 2013.»
O músico inglês acrescentou que «nenhum outro político britânico foi tão odiado pelos britânicos como Margaret Thatcher», e que espera que o funeral da «Dama de Ferro» seja «fortemente policiado» e que qualquer protesto contra a antiga primeira-ministra será provavelmente recebido com gás-pimenta.
«Reino Unido? Síria? China? Qual é a diferença?», finalizou Morrisey, protestando contra aquilo que acredita ser a falta de liberdade de expressão no seu país.
Durante a década de 1980, o ex-vocalista dos The Smiths foi autor de canções anti-Thatcher como «Margaret On The Guillotine» («Margaret na guilhotina», em português). Elvis Costello, Pink Floyd, Billy Brag, Crass, Frank Turner e os Simply Red foram outros dos artistas que cantaram temas de protesto contra a política com mão-de-ferro da mulher que dirigiu os destinos do Reino Unido entre 1979 e 1990.
Margaret Thatcher faleceu na segunda-feira, aos 87 anos, vítima de um acidente vascular cerebral. Nos últimos anos, Thatcher estava afastada da vida pública e sofria de demência, o que lhe afetava a memória.
PUB