PUB
O programa do Governo proposto pelo Partido Socialista baseia-se numa “irrealidade”, que vai acabar por custar caro ao país, por tentar reverter demasiado rapidamente as medidas de austeridade impostas nos últimos quatro anos. Foi esta a opinião deixada, esta terça-feira, por Henrique Medina Carreira na TVI e TVI24, lembrando os casos da França e Grécia que não conseguiram aplicar os programas que propuseram durante as campanhas eleitorais.
Num painel de análise à queda do Governo PSD/CDS, no “Jornal das 8” da TVI e “21º Hora” da TVI24, Medina Carreira argumentou que entre 2009 e 2011 o Estado português gastou 50 mil milhões de euros a mais do que realmente podia, logo, é impossível voltar “reproduzir a situação da vida portuguesa” na economia atual.
PUB
“Todas estas coisas vivem de um fogo-de-artifício, porque se baseiam numa irrealidade. Pensa-se que se praticou austeridade a mais, e que sem austeridade isto tudo se teria composto. Para se ter noção do irrealismo que isto representa, nos anos de 2009, 2010 e 2011 os défices públicos foram de 13, 20 e 17 mil milhões. Em três anos o Estado gastou 50 mil milhões à custa de dinheiro emprestado. Tentar reproduzir a situação da vida portuguesa quanto ao emprego, economia, quanto a tudo, [atualmente], é uma fantasia. Está-se a tentar voltar a isto sem fazer contas”.
Para o comentador da TVI estes são números que “qualquer dona de casa percebe”.
“Dar dinheiro sem contar com uma realidade económica é uma mentira, e é uma fantasia que se vai pagar cara provavelmente. Reproduzir a vida portuguesa com base em 50 mil milhões de défice do Estado, não pode dar bom resultado. (…) [As contas do PS são muito confusas] e isto é tudo muito mais simples. Qualquer pessoa consegue perceber isto. Gastou-se em 2010 mais 20 mil milhões do que aquilo que era possível, e agora vamos pôr isto como em 2010. Com que dinheiro? A economia não melhorou, o endividamento não melhorou, o emprego também não, como vamos reproduzir 2010 sem esses 20 ou 30 mil milhões?”
PUB
Medina Carreira disse que o problema está nas regras da Zona Euro, que condicionam o que os países podem fazer em termos de políticas económicas. E dá dois exemplos recentes: os programas falhados de François Hollande e de Alexis Tsipras.
Manuela Ferreira Leite“Para mim a grande solução era: os países desenvolvidos ficavam na zona euro, os periféricos, mais ou menos ‘atamancados’ iam para uma espécie de uma EFTA dos tempos atuais. Enquanto tivermos uma moeda que é comum estamos agarrados. (…) Temos dois exemplos próximos no tempo [que ilustram o que pode vir a acontecer]. O presidente Hollande [na França] ia fazer aquelas coisas todas agradáveis, mas na noite em que tomou posse foi a Berlim e quando voltou já tinha outras ideias. [E] agora tem um Governo que faz outras coisas. Temos o caso do Syriza [na Grécia]: os sujeitos que iam acabar com a austeridade e que aplicam três austeridades agora. Isto é porque são parvos, idiotas, ou o quê? É porque estão entalados. Nós estamos entaladíssimos.”
PUB