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Quem é Zubizarreta, o número um de Villas-Boas para o futebol do FC Porto?

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Histórico do futebol espanhol nas décadas de 80 e 90, já foi diretor desportivo no Athletic, Barcelona e Marselha (onde trabalhou com o candidato à presidência dos dragões). Do passado marcante nas balizas até às funções como dirigente, nas quais ficou associado (não só, mas também) a contratações sonantes e caras

Antigo histórico das balizas do futebol espanhol e internacional nas décadas de 80 e 90. Dirigente desportivo depois de descalçar as luvas.

Andoni Zubizarreta é o eleito de André Villas-Boas para o cargo de diretor desportivo do FC Porto, caso o antigo treinador vença as eleições marcadas para o próximo dia 27 de abril.

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O espanhol de 62 anos, apresentado oficialmente esta quinta-feira, tem um longo – e histórico – percurso dedicado ao futebol, marcado já neste século pelas funções idênticas a que é proposto por Villas-Boas no FC Porto, nas passagens que teve pelo Athletic Bilbao (2001-2004), Barcelona (2010-2015) e Marselha (2016-2020).

Foi precisamente no Marselha que Zubizarreta trabalhou com André Villas-Boas, na época 2019/2020, quando o português de 46 anos assumiu o cargo de treinador do clube francês. O Marselha, de resto, foi mesmo o último emblema do percurso de Villas-Boas enquanto técnico, funções que desempenhou até fevereiro de 2021. E foi o único de Zubizarreta fora de Espanha em todo o seu percurso desportivo.

Agora, cerca de três anos depois, Villas-Boas e Zubizarreta reencontram-se profissionalmente para a possível direção desportiva dos azuis e brancos.

Do País Basco ao Dream Team, 15 títulos (e a pior noite da carreira no adeus ao Barcelona)

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Nascido a 23 de outubro de 1961 em Vitória-Gasteiz, município pertencente à comunidade autónoma do País Basco, “Zubi” – como também era conhecido – começou o seu percurso como guarda-redes na formação do Aretxabaleta, onde esteve dos 15 aos 17 anos (1977-1979). Passou depois por outro clube basco, o Alavés (1979/1980 e 1981). Pelo meio, também em 1980, passou pela equipa B do Athletic Bilbao e seria nos “Leones de San Mamés” que se afirmaria em definitivo entre os postes.

Zubizarreta jogou na equipa principal do Athletic de 1981 a 1986 e foi nos bascos que chegou à seleção e onde fez parte de alguns dos pontos altos do clube. Fez, por exemplo, parte da equipa que acabou com um jejum de 27 anos sem conquistar a liga espanhola, que venceu em 1982/83 e em 1983/84 pelo Athletic (7.ª e 8.ª ligas do clube). Ali conquistou também uma Taça do Rei e uma Supertaça espanhola, ambas em 1984.

O antigo guardião jogaria depois o primeiro de quatro Mundiais pela seleção espanhola no México 1986, ano em que foi contratado pelo Barcelona, o clube onde teve grande parte dos seus 15 títulos como jogador, durante oito anos, até 1994. Nos catalães, fez parte do “Dream Team” de Johan Cruyff e conquistou quatro ligas (1991, 1992, 1993, 1994), duas Taças do Rei (1988, 1990), duas Supertaças (1991, 1992) e, a nível internacional, a primeira Liga dos Campeões do clube em 1992 e a Supertaça Europeia no mesmo ano, já depois da Taça das Taças em 1989.

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Depois de muitos sucessos e de uma carreira repleta de títulos e números, Zubizarreta disse adeus ao Barcelona em desgraça. «Foi a pior noite da minha carreira», avaliou, depois da final da Liga dos Campeões perdida para o Milan, por 4-0, em 1994. Rumaria ao Valência, onde jogou quatro anos ainda ao mais alto nível, até 1998 e até bem perto de completar 37 anos. Não conquistou títulos pelo clube, mas atingiu números para a história do futebol espanhol.

Zubizarreta tornou-se recordista em número de jogos na liga espanhola em 1998, com um total de 622 partidas. Deteve o recorde absoluto durante cerca de 25 anos e só foi igualado pelo também histórico Joaquín, figura do Betis, que atingiu exatamente essa marca em 2023.

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Pela seleção, “Zubi” fez 126 internacionalizações. É o 6.º mais internacional por Espanha e o segundo guarda-redes, só atrás de Casillas (167). Sergio Ramos (180), Sergio Busquets (143), Xavi (133) e Andrés Iniesta (131) são os outros mais internacionais no top-5.

Fez mais de 900 jogos oficiais em toda a carreira e, pela seleção, alinhou em quatro Mundiais (México 1986, Itália 1990, EUA 1994, França 1998) e jogou em dois Europeus (1988, 1996). Pelos sub-21 de Espanha, foi vice-campeão europeu em 1984.

"Zubi" como dirigente: da equipa feminina do Athletic aos gastos no Barça

Foi de volta a uma casa que bem conhece, o Athletic, que Zubizarreta assumiu o primeiro de três projetos como diretor desportivo. Foram três anos, num percurso em que foi, a par de Ernesto Valverde, responsável pela aparição da equipa feminina do clube, que disputou o primeiro jogo oficial a 6 de outubro de 2002.

Em 2010, com a chegada de Sandro Rosell à presidência do Barcelona assumiu as mesmas funções nos catalães, onde sucedeu a Txiki Begiristain. Esteve ligado a alguns dos últimos plantéis fortíssimos do Barcelona, mas também por isso a algumas críticas pelos grandes gastos feitos em contratações. A exemplo, foi com Zubizarreta no Barcelona que chegaram Neymar, Luis Suárez, Ter Stegen, Jordi Alba, Cesc Fàbregas ou Alexis Sánchez. Em janeiro de 2015, já com Josep Maria Bartomeu como presidente, deixou o Barcelona, na mesma altura do que Carles Puyol, então adjunto da direção técnica. A altura era crítica e a saída surgiu dias depois de a FIFA ter confirmado a proibição de contratar jogadores até janeiro de 2016. Curiosamente, a época 2014/15 terminaria com a conquista da última Champions – já sem Zubizarreta na segunda metade da época – por parte do Barcelona: 3-1 à Juventus. Um ano depois da saída, disse que a sua «maior derrota» foi a saída de Pep Guardiola.

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No ano seguinte, o espanhol assumiu as mesmas funções no Marselha, onde esteve quatro anos, um e meio com Villas-Boas, com quem mantém, não só uma relação profissional, como pessoal. Saiu em maio de 2020 por mútuo acordo. Também no Marselha, o seu percurso ficou marcado por contratações sonantes e caras. Dimitri Payet, a exemplo, foi uma delas.

«A primeira coisa é definir o que se quer em cada trabalho e como é cada clube»

Nos últimos anos, entre «estudar e aprender», como afirmou em entrevista à Tribuna Expresso, Zubizarreta colabora com o jornal espanhol El País, no qual tem uma coluna de opinião.

Sobre o que deve fazer um diretor-desportivo, cargo que poderá vir a assumir no FC Porto caso Villas-Boas triunfe, disse nessa mesma entrevista: «A primeira coisa é, de facto, definir o que se quer em cada trabalho e como é cada clube. Por exemplo, ser diretor-desportivo no Athletic ou no Barça é totalmente diferente, desde logo porque o Athletic está muito condicionado na sua abordagem ao mercado. O mais importante é começar por entender para que clubes vais e de que é que esse clube precisa.  No Marselha, o que era preciso era desenvolver toda a estrutura do futebol, todo o futebol de formação, criar uma cultura de clube desde os mais jovens até à equipa principal, explicar o projeto ao público. Neste caso, era preciso criar infraestruturas e trabalhar para melhorar as condições de trabalho de todas as equipas, tanto que no Marselha criámos uma nova academia. Às vezes, avaliam-se os diretores-desportivos só pelo mercado, pelos jogadores que são contratados, mas há muito mais trabalho na organização da estrutura de futebol: que jogadores vão subindo de categoria para categoria, que tipo de contrato devem ter esses jogadores, que treinadores são os mais indicados para cada grupo etário, qual a melhor metodologia de treino para que haja algum tipo de linha de continuidade desde que um jogador tem 15 ou 16 anos até à equipa principal. Tudo isto integra-se nesta ideia de criação de cultura de clube, na qual também passa o papel da escola para os jovens ou a atenção às famílias dos jogadores».

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