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Aeroporto: «4-3 ganha o Benfica»

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José Reis, docente universitário e ex-secretário de Estado de António Guterres, ficou «chocado por ver o primeiro-ministro a ler um relatório do LNEC como quem vê um placard de jogo de futebol», noticia a Lusa.

«4-3 ganha o Benfica», observou José Reis ao reportar-se à justificação de que a localização do novo aeroporto de Portugal em Alcochete, relativamente à Ota, se sobrepunha em «quatro dos sete factores críticos da decisão».

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Na opinião deste professor de economia, que se tem dedicado ao estudo das dinâmicas de desenvolvimento regional, o Governo «deveria pelo menos ponderar todas as variáveis que estão em cima da mesa, porque as questões que se colocavam não são preto ou branco».

«Justificava-se uma ponderação das variáveis. Aparentemente o Governo fez uma leitura simples. Deveria ponderar os critérios e não o fez. O Governo e a política cederam lugar a uma tecnocracia. Há uma enorme demissão do Governo sobre o que era a sua obrigação, sobre o que devia fazer», afirmou.

Por outro lado, José Reis, que já presidiu também à Comissão de Coordenação da Região Centro (CCRC, actual CCDR), afirmou à Lusa sentir uma «enorme perplexidade» pelo facto de apenas na quarta-feira o LNEC ter apresentado o estudo e no dia seguinte o Conselho de Ministros decidir.

«Não creio que os ministros o tenham lido com a devida atenção»

«Não creio que os ministros o tenham lido com a devida atenção. Como é que o relatório é decidido em Conselho de Ministros? Como o primeiro-ministro o fez, somar critérios favoráveis à Ota e Alcochete? Tanto faz o ordenamento do território como qualquer outro critério?», questionou.

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Na sua perspectiva, «há uma leitura de total simplismo», que também coloca a questão sobre o modo de funcionamento das instituições, porque «não é preciso termos Governo para saber que 4 é mais que 3».

José Reis, que esta semana integrou uma delegação que fez entrega de um estudo ao Governo a defender a localização na OTA, disse ainda que a sua intuição da conversa com o ministro Mário Lino o levou a pensar que a escolha seria Alcochete.

«Sabemos o país que temos. Estava convencido disto, sem nenhuma razão a não ser a minha intuição. Temia que fosse acontecer, mas do ponto de vista académico quisemos levar as coisas até ao fim», referiu.

Enquanto estudioso destas matérias, disse que esta decisão traduz também «uma inversão total do PNPOT» - Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, aprovado pela Assembleia da República em Setembro passado.

«Vai haver um enorme impacto nas relações regionais do país, com uma brutal concentração de investimento em Lisboa e península de Setúbal», que se traduzirá ainda numa concentração demografia naquela zona a sul do Tejo, que já tem tido «um crescimento populacional de 7,2 por cento ao ano», concluiu.

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