O socialista António Arnaut, um dos fundadores do PS, defendeu esta quarta-feira que o partido deveria tentar um governo com a participação do PCP e do BE, caso vença as próximas eleições com maioria relativa, escreve a Lusa.
Recordando que «nunca houve em Portugal governos do PS com partidos à sua esquerda», António Arnaut disse em entrevista à Lusa que o seu partido deveria, desta vez, «negociar preferencialmente» com o PCP e o Bloco de Esquerda.
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«No meu entendimento, o PS devia tentar convictamente ¿ porque estão em causa os grandes interesses do país e do futuro ¿ um grande consenso nacional, o mais alargado possível, com a esquerda e com os partidos à sua direita», afirmou.
O antigo ministro dos Assuntos Sociais de Mário Soares admitiu que, em caso de vitória nas legislativas de 5 de Junho, com maioria relativa dos deputados na Assembleia da República, cabe ao PS tentar primeiro formar governo com aquelas duas forças políticas, hipótese que admitiu ser «muito difícil».
No caso de não conseguir «um acordo com os partidos à sua esquerda, o PS deveria fazer um acordo com o PSD e o CDS», disse, lembrando que no passado estes partidos já estiveram no Governo coligados com os socialistas.
Para o antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), a situação política, económica e social do país «é de tal gravidade» que «justificaria que instituições suprapartidárias, dotadas de autoridade moral, como a Igreja Católica e a Maçonaria, fizessem um apelo público à concórdia partidária em nome dos superiores interesses de Portugal».
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Caso o PSD vença as eleições «e convide o PS para esse governo, penso que, em nome dos interesses nacionais, este deve procurar» contribuir para formar «um governo o mais abrangente possível», sem nunca prescindir daquelas condições.
«Ainda que o PSD faça uma maioria com o CDS, o PS deve admitir ir para o governo se for convidado, mas com essas condições», acrescentou.
«Evitar» o FMI
O antigo ministro do PS disse ainda que Portugal «deve evitar» um pedido de ajuda externa através do FMI e criticou a acção das agências de «rating» face à crise económica do país.
«Devemos evitar a todo transe pedir essa ajuda externa na forma do FMI. Eles chegam cá e ditam as regras, vão reduzir os vencimentos, vão tentar destruir o Estado Social», declarou António Arnaut.
Se o país «for obrigado a chamar o FMI, é justamente porque não foram aprovadas as medidas do PEC 4», com que «Portugal já tinha ajuda que evitaria o chamamento do FMI», disse.
Na sua opinião, o PS «deve tomar a dianteira na denúncia mundial contra os especuladores financeiros e contra as agências de "rating"», que classificou como «instrumentos nas mãos dos especuladores».
«Temos que nos revoltar contra estas agências privadas, pagas pelas entidades multinacionais que depois nos emprestam dinheiro pelo montante e juro que as próprias agências determinam. Quem são elas para fazer isso?», questionou.
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