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«Este relatório técnico não é a bíblia», admite António Costa

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Cenário macroeconómico servirá de base ao programa eleitoral do PS, mas socialistas poderão não ficar vinculados a todas as propostas

Neste contexto, o líder socialista fez questão de frisar que o relatório apresentando por Mário Centeno «não cobre todas as áreas do Governo», já que dele não constam medidas em setores como da Defesa Nacional ou a segurança interna. António Costa considerou que o principal desafio que está colocado no debate democrático reside na credibilização dos compromissos políticos assumidos pelos cidadãos. O líder socialista defendeu depois que os portugueses estão cansados da ideia de serem governados por modelos macroeconómicos, sendo como tal «essencial romper com essa visão do mundo e reafirmar o primado da política». Na apresentação do documento, António Costa defendeu também a ideia de que o cenário macroeconómico apresentado pelo grupo de economistas do PS prova que «há alternativa às políticas que têm sido prosseguidas e que é possível virar a página da austeridade». Depois, em jeito de conclusão, Costa deixou uma crítica ao atual Governo: «Não há razão para continuar a prosseguir políticas erradas que têm produzido resultados errados». O secretário-geral do PS defendeu ainda que as propostas de redução gradual das contribuições de trabalhadores e empregadores para a Segurança Social serão compensadas por outro conjunto de medidas que alargam as fontes de financiamento do sistema. António Costa referiu então que estão previstas medidas para acelerar o processo de convergência entre os setores público e o privado e a introdução progressiva da exigência de condição de recursos nas prestações sociais não contributivas. Estas mudanças, de acordo com o secretário-geral do PS, permitem que passem a contribuir mais para a Segurança Social as maiores e mais lucrativas empresas, aliviando-se as pequenas e médias, sobretudo as mais geradoras de emprego estável.

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O secretário-geral do PS advertiu que o cenário macroeconómico «não é a bíblia», nem os economistas liderados por Mário Centeno «são os profetas», contrapondo que o relatório é uma «etapa» para a concretização do programa eleitoral.

António Costa falava em conferência de imprensa, após o coordenador do grupo de trabalho que elaborou o cenário macroeconómico do PS, Mário Centeno, ter feito uma extensa apresentação do relatório - documento que servirá de base ao programa eleitoral dos socialistas, que será conhecido a 6 de junho.  

«O conjunto destas medidas inspiram e vão motivar a elaboração do programa do Governo e não posso também antecipar a avaliação que os órgãos do PS farão do conjunto deste relatório. Este é um relatório técnico, não é a bíblia, nem estes senhores, que são economistas, são os apóstolos».

«Nem sequer tem medidas sobre todas as áreas económicas. Este relatório define um quadro macroeconómico, que nós respeitaremos, e é dentro desse quadro que trabalharemos na elaboração do programa do Governo».

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«Esta iniciativa inédita do PS de convidar um grupo de economistas para elaborar um cenário macroeconómico para os próximos quatro anos, fazendo variar positivamente o cenário base (que é o das previsões da Comissão Europeia), visa credibilizar as propostas do partido, reforçando assim a confiança dos cidadãos na escolha da alternativa apresentada».

«Mas reafirmar o primado da política não significa desprezar o valor do rigor e o valor da sustentabilidade das políticas a apresentar, assim como a seriedade dos compromissos assumidos. O programa de Governo que apresentaremos a 6 de junho tem ainda de passar pelo teste deste modelo operacional de simulação e de avaliação das políticas a propor».

«Este estudo demonstra que, com outras políticas e virando a página da austeridade, é possível obter melhores resultados económicos e melhores resultados quer do ponto de vista orçamental, quer ao nível da trajetória da dívida. O final deste exercício [2019] demonstra que o país pode crescer a uma média de 2,6 por cento, alcançando um défice final de 0,9 e tendo um rácio da dívida no PIB (Produto Interno Bruto) melhor do que aquele que está previsto».

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«Neste relatório não está previsto nenhum novo corte das pensões, assim como não está previsto que seja necessário esperar pelo final da próxima legislatura para eliminar a sobretaxa do IRS ou para a reposição integral dos vencimentos dos trabalhadores do setor público. É preciso acelerar essa reposição, é possível assegurar o regresso à normalidade».

António Costa sustentou que a redução progressiva e temporária da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social «tem como objetivo dar um impulso à melhoria do rendimento disponível das famílias».  

«Esta medida é financeiramente equilibrada, não afetando os atuais pensionistas, nem aqueles que estão a menos de cinco anos de atingir a idade da reforma. Assegurar a sustentabilidade da Segurança Social é absolutamente necessário alcançar e, como o relatório aponta, é preciso aumentar as condições de criação de emprego. O mais importante fator de consolidação e de segurança da Segurança Social é a criação de emprego».

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A seguir, o secretário-geral defendeu o alargamento das fontes de financiamento da Segurança Social, até hoje essencialmente financiada pelos salários dos trabalhadores e pelo volume da massa salarial das empresas, o que «é penalizador de uma boa contratação coletiva e de um desincentivo ao crescimento sustentado da massa salarial».  

«Propõe-se alargar e diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social, passando também a ser financiada pela criação de um novo imposto sucessório sobre grandes heranças (superiores a um milhão de euros) e pela consignação à Segurança Social da nova taxa contra a precariedade. Haverá também a não prossecução do processo de redução atual da taxa de IRC, criando-se um IRC social com as receitas também consignadas à Segurança Social».

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