O Largo do Caldas vestiu-se de azul para receber a esperada festa do CDS-PP. As sondagens davam a maioria de direita como garantida e o próprio Paulo Portas parecia não conter a euforia que proibia aos militantes. No entanto, a cautela depressa se impôs.
Às 20h00, com a divulgação das projecções que ainda deixavam em aberto a hipótese de uma maioria absoluta para o PSD, reinou o silêncio.
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Entre alguns murmúrios, ouviam-se elogios ao «grande resultado» de Passos Coelho e começavam a baixar-se as expectativas. O líder parlamentar, Pedro Mota Soares, admitiu logo «resultados aquém das expectativas» no interior, mas falharam mais dois objectivos.
Ao longo da campanha, só por uma vez se ouviu Paulo Portas a dizer que o CDS só começava a «crescer a sério a partir dos 14 por cento». Contas feitas, não passou dos 11,74, apesar do aumento em relação a 2009 (10,43%).
O líder democrata-cristão chegou a falar na possibilidade de eleger mais 16 deputados, ou seja, 37, um objectivo que internamente foi imediatamente colocado nos 30/31. Ainda assim, ficou-se pelos 24, mesmo que isso signifique mais três do que nas últimas legislativas (mais dois em Lisboa e mais um em Setúbal).
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O outro objectivo falhado foi diversas vezes referido por Portas: obter mais votos do que CDU e BE juntos (os democratas-cristãos igualaram o número de deputados comunistas e bloquistas e tiveram menos votos do que os dois juntos).
Foi por isso justificado que o único momento de verdadeira alegria na sede do CDS tenha sido o anúncio da demissão de José Sócrates.
Depois do discurso de Portas, ninguém ficou para ouvir o futuro primeiro-ministro, Passos Coelho. Algumas buzinadelas tímidas na rua e alguns foliões no Marquês de Pombal foram o que restou de uma estranha noite de festa.
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