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A cabeça de lista socialista pelo distrito de Setúbal às eleições legislativas, Ana Catarina Mendes, acusou esta quarta-feira o Governo de lançar a incerteza sobre o sistema financeiro, com o cancelamento da venda do Novo Banco, e de ativar uma “bomba-relógio”.
“Com este novo dado do Novo Banco aquilo que nós temos hoje é: adicionamos ao aumento da despesa pública, adicionamos ao empobrecimento, ao desemprego, às falências das várias empresas, adicionamos um défice idêntico ao de 2011 (…). E [Maria Luís Albuquerque] deixa uma bomba-relógio ao próprio Governo. É uma bomba- relógio que vai gerar mais incerteza e cujo buraco nós desconhecemos em absoluto”, afirmou Ana Catarina Mendes.
“Aquilo que temos de perceber é que há um número que é de facto estatístico no défice. E por que é que é estatístico? Porque é um efeito que não tem qualquer impacto para a frente. Ou seja, o valor a ser registado no défice de 2014 é um efeito estatístico que não implica nenhumas medidas adicionais, não implica nenhum corte de despesas, não implica nenhum aumento de impostos, não tem nenhum efeito para as pessoas, não tem qualquer impacto sobres as metas porque são essas as regras europeias”, defendeu a ministra, garantindo que o adiamento da venda do Novo Banco não vai implicar "qualquer incumprimento" da meta orçamental do ano passado e não terá "quaisquer efeitos" nas metas de 2015 ou 2016.
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A titular da pasta das Finanças recusou falar em "derrota política". Maria Luís Albuquerque sublinhou que a venda é da competência do Banco de Portugal e que o importante é que o Novo Banco seja “bem vendido”.
“A condução do processo da venda do Novo Banco nunca foi feita pelo Governo, foi feita pelo Banco de Portugal, aliás como determina a lei, e portanto aquilo que nós achamos relevante (…) é que, de facto, a venda seja bem-feita, nas melhores condições para preservar quer o valor do Novo Banco, quer a estabilidade do sistema financeiro.”
“A mim não me espanta muito que a responsabilidade não é do Governo e que a responsabilidade é do Banco de Portugal. De resto, essa tem sido uma marca ao longo destes quatro anos de todo o Governo. Sempre que as coisas correm mal, a responsabilidade não é do Governo, a responsabilidade é sempre de todos os outros. É uma espécie de passa-culpas de todas as situações. Neste caso concreto, eu não tomo como boa a ideia de que a negociação não foi do Governo, foi do Banco de Portugal.”
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A opinião foi partilhada por Francisco Lopes, da CDU, para quem o “buraco” do Novo Banco é culpa das políticas seguidas.
“Os últimos Governos PS, PSD e CDS, cada um à sua maneira e à sua vez acabaram por tomar decisões que comprometeram milhares de milhões de euros do erário público (…) O buraco do Novo Banco é culpa de todas estas políticas e das opções que foram tomadas, designadamente do poder que deram aos grupos monopolistas na banca, com os processo de privatização, que geriram a banca não no sentido do interesse nacional, mas na lógica da especulação e o problema é que parece que não se aprende.”
Não satisfeita com o esclarecimento da ministra, Joana Mortágua, cabeça de lista a Setúbal pelo BE, insistiu que o Governo deu uma “borla à banca” no caso do empréstimo ao Fundo de Resolução.
“Este caso vem comprovar que o banco é novo, mas as mentiras são velhas e estão gastas, porque já as ouvimos no BPN, e sempre que um Governo promete que vai salvar um banco, mas os contribuintes não vão pagar, mente. Isso aconteceu no BPN e está a acontecer agora no Novo Banco.”
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Já antes, Ana Catarina Mendes tinha colocado duas perguntas que ficaram sem resposta. “Afinal, para que era tanta pressa? Por que razão o Governo queria vender com tanta pressa este Novo Banco e por que razão os próprios interessados se desinteressaram disto? Há qualquer coisa que não foi explicada”, afirmou.
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