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Camarate: Freitas desafia AR a retomar inquérito

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Ausência de continuidade das investigações representa «uma nódoa na credibilidade e na seriedade do Estado português», diz ex-ministro de Sócrates

O ex-ministro do Estado Freitas do Amaral desafiou esta quinta-feira a Assembleia da República a retomar o inquérito ao caso «Camarate», por considerar haver «três questões que não foram investigadas até ao fim», escreve a Lusa.

Em declarações à «Grande Entrevista» da RTP1, o antigo presidente do CDS invocou que «há três questões que não foram investigadas até ao fim» no caso da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e que deviam «ser retomadas pela Assembleia da República»: o relatório dos peritos internacionais sobre os equipamentos técnicos do avião e explosivos, a investigação da venda de armas, em 1979-80, e do Fundo de Defesa Militar.

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Freitas do Amaral considera que a ausência de continuidade das investigações representa «uma nódoa na credibilidade e na seriedade do Estado português».

Camarate: Parlamento dificilmente retomará processo

O ex-ministro de Estado do Governo de José Sócrates e antigo vice-primeiro-ministro de Sá Carneiro sustentou que a Assembleia da República «é a única instituição que, através de sucessivas comissões parlamentares de inquérito, foi aprofundando as investigações» do caso, tendo concluído que existiam «indícios muito fortes para haver atentado».

«Partilho desta conclusão, apesar de não perceber nada de aviões nem de explosivos», afiançou à jornalista Judite de Sousa.

O ex-primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e o ministro da Defesa do VI Governo Constitucional Adelino Amaro da Costa morreram, a 4 de Dezembro de 1980, em Camarate, num desastre de avião, segundo a versão oficial dos acontecimentos.

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A entrevista a Judite de Sousa ocorreu na mesma semana em que Freitas do Amaral publicou o seu segundo volume de memórias políticas, «Transição para a Democracia».

No livro, Freitas do Amaral nega que tivesse os poderes que o ex-procurador-geral da República Cunha Rodrigues lhe atribuía e lembra que não teve conhecimento nem é da sua responsabilidade o desaparecimento de um telegrama enviado de Londres pela Scotland Yard, em que o Governo português era alertado para a possibilidade de ter havido um atentado em Camarate.

Inexperiência

Hoje, nas declarações ao programa «Grande Entrevista», Freitas do Amaral admitiu que, fruto da «inexperiência», conferiu «demasiada credibilidade nas instituições» quando não questionou mais a Polícia Judiciária sobre as investigação do telegrama.

«Fiz mal», reconheceu, embora responsabilizando o Ministério Público que, em 1995, no seu relatório final, afastou a hipótese de atentando, com base apenas nos depoimentos do suspeito, da sua mãe e da sua irmã.

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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo da Aliança Democrática (PSD/PPD e CDS) afirmou, na RTP1, que o telegrama apontava «a pista de um criminoso internacional», especialista em explosivos, «que tinha sido visto na véspera» da queda do avião, «num hangar do aeroporto de Lisboa onde estava o Cessna» de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

Freitas do Amaral alegou que, face aos indícios, emitiu, na qualidade de primeiro-ministro interino, um despacho para que a Polícia Judiciária conduzisse as investigações.

Telegrama desapareceu

Posteriormente, sustentou, veio-se a descobrir que o telegrama «não está no processo» judicial que fora aberto nem no «arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros e na Polícia Judiciária».

«Doze anos depois, o telegrama tinha desaparecido», sublinhou Freitas do Amaral, acrescentando que a Polícia Judiciária, apesar de ter «imediatamente aceite» a colaboração da polícia britânica nas investigações da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, só efectuou o primeiro interrogatório «onze meses depois».

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